segunda-feira, 25/11/2024
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Uma Cidade pede socorro

 

Há 21 anos em Nova Olímpia só havia asfalto na Avenida Principal, 
que esperou um bom tempo para ser contemplada com o meio fio. 
Nessa época, seu aniversário era homenageado por uma moda de viola,
oferecida por Derivan Monteiro (prefeito da cidade), numa calçada 
com poucos entusiastas novaolimpienses. Pois, nossa população girava
em torno de 7.030 habitantes. O Ouro Verde era um bairro com uma 
concentração de pessoas que moravam nas casas de madeira da Usinas 
Itamarati, e um loteamento pouco habitado por chácaras doadas pelo 
município, do governo anterior (o de João Gregório). Naquela época 
do Derivan Monteiro, o segundo prefeito, os educadores concursados 
pelo município eram classificados como monitores. Em um banco 
comprido cabia toda a equipe da Educação, porque o município era 
responsável apenas pelo ensino da zona rural. O monitor ganhava um 
salário mínimo dividido por quinzena. O professor estadual tinha
direito à hora atividade e uma remuneração melhor do que o
municipal. Já no segundo mandato de João Gregório, após o período 
de dois anos, houve uma demanda maior de alunos. A Escola Sagrado
Coração de Jesus foi efetivamente municipalizada, com uma 
valorização profissional expressiva, pois havia acabado o período de 
isenção de impostos da fazenda Guanabara Agrícola LTDA. A 
remuneração do professor municipal atingiu o ápice. Alguns pediram 
exoneração do Estado para trabalhar pelo Município, pois no governo 
de Jaime Campos, além de pagar mal, o Estado atrasava meses. De lá 
pra cá, tivemos grandes perdas salariais que culminaram no caos
atual. Na quarta gestão não podia existir questionamentos. Era na base 
da chibata. Os educadores recebiam apenas comunicados e a autoestima zerou. Muitos educadores daquela ocasião ainda sofrem das 
seqüelas acarretadas por tanta inflexibilidade. Ralavam com quase 80 
alunos divididos em dois períodos. Trabalhavam por três e recebiam 
por um. Nesse tempo já havia o FUNDEF. A opressão era tanta, que só 
restava à espera de quatro anos para uma nova perspectiva. O novo 
gestor restituiu a hora atividade, a Educação foi informatizada e o 
professor teve a liberdade de se expressar. Mesmo assim, com muita 
tranqüilidade era feita a pergunta: E o salário? O reajuste?A resposta 
do Secretário foi que o município não contava com disponibilidade 
financeira. O dinheiro saía do município para a UNIÃO e o retorno era 
com perdas. No sexto mandato, o mesmo do quarto apresentou-se
menos inflexível. Só que era inconcebível discussão salarial. Em uma 
de suas falas o prefeito disse que em outro lugar encontraria
professores pra encher uma caçamba. Se alguns não estivessem satisfeitos muitos estariam à disposição para substituí-los. E essa frase 
infeliz, contribuiu para que o mesmo não fosse reeleito. E assim, o 
prefeito do quinto mandato tomou posse novamente com uma política 
equivocada, totalmente desprovida de planejamento. O município foi 
enterrado e o resultado das Urnas demonstrou a tamanha insatisfação 
e intolerância da população. A prefeitura passou a ser posse do 
prefeito e o povo quando vota, não dá a procuração de posse. E sim, a
responsabilidade de representação, cuja função é de gerenciar o 
município com metas e ações que contemplem os anseios da sociedade.
Segundo o IBGE em 1991 tínhamos 7.030 habitantes, e em 2.007 
subimos para 19.474 e caímos para 17.515 em 2.010. Nesses três anos, 
observamos um grande índice de famílias e jovens mudando dessa 
cidade. Na quarta gestão desse município houve um investimento
enorme em publicidade, para atrair empresários e moradores. A 
cidade cresceu sem infra-estrutura e hoje muitos migram para centros 
que ofereçam qualidade de vida. Pois na atual conjuntura, a maioria 
dos cidadãos que residem aqui, são os aprisionados por terem apostado 
tudo, e sem saída, ficam a mercê do desfecho, com um fio de esperança 
em um representante que possa realmente amar, e recuperar esse 
município. Tivemos quatro gestores intercalados entre ora uma 
política paternalista, ora ditatorial. E agora? Será que este quinto vai 
governar? Vai eliminar os ranços dessa política embriagada pela 
fortuna que se evapora, ou conforme o plano de governo traçará metas 
para atingir as propostas do mesmo? Qual será a sua História? Vai 
copiar ou reescrever? Nova Olímpia precisa deixar de ser uma cidade 
descartável, com asfalto de Sonrisal, com um centro de eventos 
apelidado por Curral, com conchavos entre os representantes, para 
subtrair o que é de direito do povo. Direito de uma classe! Como uma 
Casa de Leis boicota a Lei? Infelizmente não elabora projetos de 
avanços. A maioria aprova interesses individualistas e inescrupulosos,
sem medir as consequências psicológicas, morais e sociais que podem
acarretar. Ignora o fato de que deveria primar pela evolução da cidade
e pelo cumprimento das vigências legais. Esquece que foi eleita para 
fiscalizar. A indignação pode ser disseminada e atrapalhar os planos 
futuros de muitos acostumados a injetar cifrões ($) para executar suas
tiranias. É necessário que vereadores e prefeitos se engajem num só 
objetivo: Oferecer-nos motivos para termos a honra de pertencermos a 
esse Município. Consequentemente teremos o prazer de cumprimos 
com o nosso dever de cidadãos. O desrespeito desestimula uma classe e 
contagia uma sociedade. Os professores reivindicam o piso salarial 
estipulado e garantido pelo STF desde abril de 2011, o Governo 
passado protelou, enrolou e nada aconteceu. Os vereadores ignoraram 
o fato. E a folha do município, sempre cabendo mais um. As vantagens individuais adormecem os interesses coletivos. Segundo os dados 
estatísticos do IBGE, a nossa população está em queda de mais de 
2.000 habitantes. Como justificar um acréscimo surpreendente de 
funcionários na folha de pagamento? Dá para imaginar que em uma 
casa com seis cômodos tenha: duas crianças, um jardim e três 
funcionários. Vamos supor que essas crianças tornam-se adultos 
independentes e os pais sozinhos decidem morar em um apartamento. 
Faz sentido nesse apartamento, os proprietários contratarem um 
jardineiro, uma babá, um motorista, uma cozinheira, uma ajudante 
geral e um mordomo? É assim em Nova Olímpia, o número de 
habitantes cai e o de funcionários da prefeitura sobe.
E quando a classe dos profissionais da Educação reivindica o direito ao 
Piso Nacional, o poder público local é contagiado por um vírus ou uma 
toxoplasmose ocular que não enxerga a lei 11.738 julgada pelo STF
(Supremo Tribunal Federal) em 27 de abril de 2011. A lei não diz que o 
profissional do magistério tenha que trabalhar três períodos para que 
tenha a garantia do Piso que corresponde a R$ 1.567,00, somado as dez 
ou vinte ou mais horas trabalhadas. Para quem quer enxergar o Piso 
não se aplica a dois ou três períodos se aplica a um período que pode 
ser estendido por hora-atividade. Isso é indiscutível! Agora se o 
educador tiver forças e necessidade de trabalhar os três períodos ele 
receberá esse Piso dobrado. Quanto ganhará por uma jornada tão 
árdua? E o imposto de renda? E os encargos de descontos em folha?
Quantos já pararam para pensar que a estabilidade nos órgãos 
públicos só acorrenta o concursado a mera aposentadoria que ele 
mesmo proporcionou? Que durante todo o seu tempo de serviço foi 
descontado em seu salário? Que quando o professor aposenta, não tem 
direito ao acerto nem ao FGTS, e se for preciso sair da cidade como 
propõe o lema dos “incomodados que se mudem” ele só recebe do mês,
os dias trabalhados. Qual a empresa que com depois de vinte e um 
anos de serviços prestados, o funcionário sai com as mãos abanando?
Por isso que os profissionais devem lutar por seus direitos. Porque os 
gestores costumam usar o sono da Bela Adormecida, quando a pauta é 
o salário do Servidor.
O Piso Nacional é real! E os Educadores de Nova Olímpia não se 
calarão diante desse fato! Passou da hora de emendar os canos, pois os 
furos estão causando a falta de abastecimento. Ao invés de mandar 
para a Câmara projetos que acabam com a dignidade do professor, é 
preciso que haja solução para encontrar os vazamentos do dinheiro da 
Educação garantido pelo FUNDEB. É necessário transparência. O 
mínimo dos 60% está sendo respeitado? A quantidade de 
colaboradores na Secretaria não extrapola aos já escolhidos pelas 
Escolas? Se por água no leite, ele não dá nata, azeda com facilidade. Também quando é tirado sem higiene, fica com o ranço dos excretos.
Por isso é bom fazer as coisas certinhas, pois no final do século passado 
os recursos do município eram mínimos. Não havia o Fundo de 
Desenvolvimento da Educação Básica nem o Piso Nacional. O mínimo 
era um salário mínimo por vinte horas. Hoje o mínimo é o Piso de 
1.567,00 sendo que essa proporcionalidade de um 13 comina em vinte 
em sala e dez em hora-atividade. O nosso processo histórico está 
retroagindo porque com tantos recursos, os profissionais do magistério 
não estão recebendo nem o mínimo. Como alcançar o Teto se não tem 
nem o Piso? A frustração maior é lembrar que, aqui em Nova Olímpia,
no final do século passado, não tinha computador, o carro da 
secretaria de Educação era um fusca branco velho, e o do gabinete do
prefeito, uma Belina vermelha em bom estado de conservação. Não 
havia celular. Se quisesse ligar para fora era preciso ir a um centro 
telefônico porque residencial era restrito a poucos moradores. O 
relógio digital e a TV colorida estavam no auge. A referência para 
tratamento de saúde era a cidade de Mineiros em Goiás. Havia uma 
farmácia particular autorizada a fornecer remédios à comunidade 
carente, e aos funcionários da prefeitura. Urnas eletrônicas era algo 
inimaginável. A população deslocava para Barra do Bugres e reunia-se 
defronte ao Centro Comunitário para acompanhar a contagem dos 
votos, realizada em suas dependências. Nesse tempo havia muitos 
agenciadores apelidados por “gatos” que buscavam os trabalhadores
chamados de “peões”, pois o único recurso para tirar a cana do chão
era o podão. Mas, os monitores da educação recebiam o salário mínimo 
da ocasião.
E agora, depois daquele passado de lutas e desse presente de 
inseguranças, Nova Olímpia tem o que comemorar? A greve dos 
profissionais da Educação é como um sinal vermelho que indica que os 
pedestres precisam passar. Afinal de contas, o trânsito não se restringe 
apenas aos veículos automotivos. Nem tão pouco, a manifestação deve 
se caracterizar em uma queda de braços para uma afirmação de 
poder. O objetivo é despertar a atenção para o início de um plano de 
acertos. É inconcebível que uma instituição consiga direcionar um 
olhar tão discrepante ao ponto de tentar convencer que R$ 1.567,00
corresponde a R$ 1.175,23. O Piso é uma Lei incontestável. Resta saber
se o Poder Executivo e Legislativo dessa Cidade vão continuar 
indiferentes às Leis que os desfavorecem. Prosseguirão com a política 
do deixar para depois? Um faz o asfalto, o outro põe o meio fio, o 
próximo, a jardinagem do canteiro central? E o atual, fica preso a 
palavra proporcional, com o objetivo de ganhar mais tempo para 
dissolver esse angu de caroço que não pode ser desfeito, se as vozes do 
passado ecoarem mais forte do que a necessidade do presente.Nova Olímpia! Nova Olímpia!
Um povo culto é um povo sábio.
Um povo unido
É um povo forte!
(Salve! Salve! Nova Olímpia! 13 de maio de 1987. Vinte e seis anos de 
emancipação política, representada por cinco gestores contando com os 
quatro meses do atual. Nova Olímpia foi governada vinte e dois anos 
por apenas três prefeitos).
Educadora Maria Elizabete Dias de Almeida –Magistério-Letras e 
Gestão Escolar- Lotada na Escola “Sagrado Coração de Jesus”
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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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