quinta-feira, 21/11/2024
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Ações do governo para frear alta do real foram pouco eficazes

 

Medidas tomadas pelo governo para frear a valorização do real nos últimos anos surtiram pouco efeito, indicam estudos recentes.

Para os autores das pesquisas, a desvalorização de quase 17% da moeda brasileira em relação ao dólar em 2012 –depois de um longo período de apreciação– teria ocorrido mesmo sem as intervenções do governo.

Pesquisadores têm analisado os resultados de intervenções diretas do Banco Central no mercado de câmbio e de controles de capitais, como impostos cobrados sobre fluxos de recursos trazidos de fora para o país.

As conclusões são de que as medidas não afetaram de forma significativa a tendência de valorização da moeda brasileira, que é citada com uma das causas de perda de competitividade da indústria.

Economistas do Insper analisaram o impacto imediato de intervenções superiores a US$ 100 milhões feitas pelo BC tanto no mercado à vista de câmbio quanto por meio de derivativos (os chamados "swaps cambiais") em dois intervalos: entre 1999 e 2003 e entre 2004 e 2012.

O segundo período concentrou um número maior de intervenções, principalmente de compra da moeda norte-americana, que tinham como objetivo desvalorizar o real em um momento de intensa entrada de recursos no país.

A pesquisa analisou 1.423 intervenções de compra e 78 de venda no mercado à vista entre 2004 e 2012. No mercado futuro, foram consideradas 132 operações de compra e 69 de venda.

"Não encontramos nesse período indicação relevante de que as intervenções tanto de venda quanto de compra tenham funcionado", diz Marcelo Moura, que escreveu o trabalho com Fátima Pereira e Guilherme Attuy.

Segundo Moura, embora não tenham causado grande impacto sobre a tendência da moeda, as intervenções da autoridade monetária no mercado futuro aumentaram a volatilidade da moeda.

EFEITO INDESEJÁVEL

O efeito de forte variação nas cotações é considerado indesejável porque aumenta a incerteza para empresas e investidores.

Pesquisa dos economistas Marcos Chamon e Márcio Garcia que analisaram o efeito de controles de capitais chegou a conclusão parecida à dos economistas do Insper:

"Não encontramos evidência de que cada controle adotado tenha conseguido mitigar de forma significativa a tendência de valorização", diz Garcia, professor de economia da PUC-Rio.

A maior parte dos controles adotados entre 2009 e 2011 foi retirada ou afrouxada no ano passado.

Chamon e Garcia investigam agora a hipótese de que, somadas, as medidas tomadas entre 2009 e 2011 tenham acabado contribuindo para a desvalorização do real ocorrida em 2012.

Mas ainda não encontraram evidências disso:

"Por enquanto, nossos modelos indicam que a desvalorização teria ocorrido mesmo sem os controles".

ALTA MAIOR

Apesar dessas conclusões, os autores concordam que existe a possibilidade de que, sem a atuação do BC, a apreciação do real tivesse sido ainda mais forte.

"Há momentos em que o BC precisa atuar, sem dúvida. Mas o excesso de intervenções parece reduzir sua eficácia", diz Moura.

  ÉRICA FRAGAFolhapress

 

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Parmenas Alt
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