O Brasil cumpriu a obrigação de pentacampeão do mundo nesta terça-feira, em Dortmund: venceu Gana por 3 a 0 e se classificou para as quartas-de-final, numa rara partida em que foi pressionado pelo adversário e seguiu aquilo que Cafu e Kaká haviam dito em entrevista coletiva na véspera do jogo: mais importante que dar espetáculo era vencer e avançar na Copa.
Além de garantir a vaga nas quartas-de-final, sábado, às 16 horas (de Brasília), contra França ou Espanha, o Brasil atingiu várias marcas históricas: com o primeiro gol, Ronaldo se isolou como maior artilheiro da história das Copas, com 15 gols; o segundo, de Adriano, foi o 200.º gol da seleção em Copas – a Alemanha vem bem atrás, com 186; e Cafu se tornou o brasileiro com mais participações, com 19 jogos
De quebra, a seleção ampliou dois recordes: já são 11 vitórias consecutivas em Copas, somadas as sete do penta, em 2002, e as quatro deste ano; e chega a 40 anos a invencibilidade contra seleções que estréiam em Copas. A última derrota contra seleções que disputavam seu primeiro Mundial foi em 1966, na Inglaterra, quando o time de Vicente Feola perdeu de 3 a 1 para Portugal.
O jogo
A equipe de Gana iniciou o jogo marcando sob pressão no campo do Brasil, com muito vigor físico – levou dois cartões amarelos nos primeiros dez minutos -, mas deixando muito espaço na defesa. Foi num lance assim que o Brasil abriu o placar, logo a 5 minutos. Kaká tocou para Ronaldo, que se infiltrou na defesa, driblou o goleiro Kingson e tocou para o gol. Aos 12 minutos, Adriano teve oportunidade semelhante, mas demorou para chutar e preferiu simular um pênalti – acabou levando o cartão amarelo.
Mesmo em desvantagem no placar, Gana teve o domínio das ações durante a maior parte do primeiro tempo. Com toque de bola rápido, criou boas chances, como aos 28 minutos, quando Appiah recebeu livre na cara de Dida e bateu nas mãos do goleiro, e aos 41, numa cobrança de escanteio, em que Mensah cabeceou livre e Dida defendeu no reflexo, com a perna direita.
O Brasil empatou na forte marcação dos ganenses. Ronaldo e Adriano até tentavam se movimentar, mas nada conseguiam diante da falta de inspiração no meio-de-campo – Ronaldinho Gaúcho e Kaká não conseguiam criar jogadas e tinham problema para acionar as jogadas pelas laterais – Cafu e Roberto Carlos ficaram muito presos, já que Gana sempre jogava em suas costas quando eles subiam.
Na segunda boa jogada, a seleção conseguiu ampliar o placar, já nos acréscimos – e com ajuda da arbitragem. Lúcio tomou a bola na defesa e iniciou contra-ataque, tocando para Kaká. O camisa 8 caiu pela direita e serviu Cafu, que tocou para Adriano, impedido, escorar com o joelho. O juiz Lubos Michel seguiu a marcação de seu auxiliar e validou o gol.
No intervalo, Emerson, contundido, deu lugar a Gilberto Silva, mas o panorama não se alterou: Gana continuou tomando a iniciativa, e o Brasil viveu de lampejos, como aos 11 minutos, quando Ronaldinho Gaúcho serviu Roberto Carlos, que invadiu a área e chutou em cima do goleiro Kingson.
Aos 16 minutos, Parreira tirou Adriano, que já estava pendurado, e colocou Juninho Pernambucano para aumentar o volume de jogo no meio-de-campo. O Brasil melhorou um pouco, mas continuou dando espaço para as tabelas rápidas dos africanos. Aos 23 minutos, Asamoah Gyan recebeu de Appiah e bateu cruzado, para bela defesa de Dida.
Gana aumentou a pressão, mas parou na falta de pontaria dos atacantes, que conseguiam finalizar apenas para fora ou nas mãos de Dida. Aos 35 minutos, Asamoah Gyan foi expulso por tentar simular um pênalti. Com um a menos, o time africano desanimou a acabou sendo atingido pelo tiro de misericórdia aos 39 minutos: Ricardinho, que havia substituído Kaká pouco antes, lançou Zé Roberto, que venceu o goleiro Kingson e só rolou para o gol.
Com o jogo já definido, o Brasil finalmente se soltou e quase ampliou o placar em dois lances, com Ronaldo e Cafu, que pararam nas mãos do goleiro Kingson.
Ficha técnica:
Brasil 3 x 0 Gana
Brasil: Dida; Cafu, Lúcio, Juan e Roberto Carlos; Emerson (Gilberto Silva), Zé Roberto, Kaká (Ricardinho) e Ronaldinho Gaúcho; Adriano (Juninho Pernambucano) e Ronaldo. Técnico: Carlos Alberto Parreira.
Gana: Kingson; Pantsil, Mensah, Shilla e Pappoe; Muntari, Eric Addo (Boateng), Draman e Appiah; Amoah (Tachie-Mensah) e Asamoah Gyan. Técnico: Ratomir Dujkovic.
Gols: Ronaldo, aos 5, e Adriano, aos 45 minutos do primeiro tempo; Zé Roberto, aos 35 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Appiah, Muntari, Adriano, Pantsil, Eric Addo e Juan.
Cartão vermelho: Asamoah Gyan.
Árbitro: Lubos Michel (Eslováquia).
Local: Westfalenstadion, em Dortmund.