Esta segunda-feira, dia 28 de janeiro, marca a data simbólica dos 500 dias para o início da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Em Cuiabá, uma das sedes do mundial, o ano de 2013 será um período de provações para a população cuiabana, sobretudo no que diz respeito ao dia-a-dia no trânsito da cidade. O aviso é do titular da Secretaria Extraordinária da Copa de 2014 (Secopa), Maurício Guimarães, sobre os preparativos da estrutura urbana com o desafio de executar a metade mais complexa do volume total de obras projetadas com vistas à competição.
Num balanço do pacote de intervenções confeccionado por ocasião dos 500 dias, Guimarães considera que cerca de 50% do total de obras em andamento já foram executados superando obstáculos graves.
Esses gargalos foram o mau planejamento dos empreendimentos (o que provocou atrasos e novos cronogramas), a descrença da população com o poder público e a dificuldade para remoção de interferências para as obras mais impactantes (como redes de saneamento básico, energia e telefonia). Contudo, além de estar em meio a uma falta de mão-de-obra no mercado da construção civil, ele admite que a parte restante das intervenções ainda representará transtornos não só para quem toca as obras, mas para a população da capital.
Os cuiabanos, prevê o secretário, terão de se submeter a um trânsito de fato atravancado, sobretudo a partir do mês de março, com expectativa de que a qualidade de vida só volte a ser recuperada quando finalmente faltarem apenas cerca de 100 dias para o início do evento da FIFA.
“Tivemos erros de planejamento, sim, tanto é que em determinado momento a sociedade achou que nem ia começar. Nós tivemos um momento de euforia com o anúncio da Copa, depois tivemos aquela baixa estima e agora todo mundo está aí nessa expectativa: 'E aí, será que vai, será que não vai?', até porque a sociedade tem uma descrença com o poder público muito forte. Então todo mundo está com o pé atrás: 'Será que realmente vai acontecer?'. E nós temos que provar que vai ser diferente, né”, reflete o secretário.
Caos e interdições
Os empreendimentos que visam melhorar o trânsito da capital para a Copa representam a parte mais delicada do pacote de obras justamente porque estas não são construídas em canteiros hermeticamente fechados ou sem afetar tudo ao redor. Tratam-se de grandes intervenções com alta demanda por pessoal e material, que para chegar até os canteiros precisa passar por uma malha urbana já afetada por outras obras e, agora, com ainda mais restrições para veículos pesados.
Todo esse processo afetará a vida das pessoas em sua rotina de ir e vir com o retorno do período letivo. “Nós vamos ter uma situação muito crítica do ponto de vista de mobilidade em Cuiabá. Vizinho que estuda com vizinho, junte as duas crianças e bote dentro do carro”, recomenda o titular da Secopa, apelando para que as pessoas adotem espírito de mutirão. “É um ano de provação”, assevera.
Guimarães aproveita para avisar que, a partir desta semana, a entrada do Bairro Tijucal será trancada e ninguém mais entrará na cidade por meio da avenida Fernando Corrêa da Costa, medida necessária para o andamento das obras do Complexo Viário do Tijucal, hoje com status de execução em 18%. Haverá um desvio no trecho.
VLT
No pacote de mobilidade urbana, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) figura como a obra mais emblemática. O estado nunca tentou construir algo tão complexo em tão curto prazo e, segundo Guimarães, tem o desafio de avançar os 80% restantes nesses últimos 500 dias.
O prazo suscita dúvidas quanto à viabilidade de implantação do modal, sendo que obras de infraestrutura como os três viadutos necessários (da Sefaz, da UFMT e do trevo MT-040) e a trincheira do Zero Quilômetro (em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá) sequer foram erguidas ainda. O maior transtorno é esperado para o momento em que iniciarem as instalações ao longo das avenidas Fernando Corrêa, Historiador Rubens de Mendonça (do CPA) e Tenente Coronel Duarte (Prainha).
Próximos lançamentos
Por outro lado, os primeiros dias dos últimos 500 de preparação para a Copa também contarão em breve com alguns avanços no setor de mobilidade urbana. Na terça-feira (29), a Secopa lança a ordem de serviço para a construção da Avenida-Parque do Barbado, empreendimento inicialmente idealizado pelo município em seu Plano Diretor e depois assumido e licitado pelo governo estadual. A nova via urbana ligará as avenidas Arquimedes Pereira Lima (Estrada do Moinho) e Fernando Corrêa. O valor total da obra, que não necessita de desapropriações, é de R$ 23 milhões.
Em maio, a população cuiabana passará a contar com a estrutura do viaduto no acesso ao Bairro Despraiado, na Avenida Miguel Sutil. O elevado terá 325 metros de comprimento e nove de altura em seu ponto mais alto. O condutor que estiver somente passando pela avenida poderá manter-se à esquerda e seguir adiante pela via elevada, percorrendo toda a extensão do viaduto. Já o motorista com destino aos bairros Santa Marta, Despraiado, Araés e Quilombo deverá se manter nas pistas marginais da avenida para acessar a rotatória abaixo do viaduto, a qual já passou por reestruturação para atender à demanda.
G1-MT