O Brasil ficou em 70º lugar no relatório Índice de Percepção de Corrupção 2006, divulgado nesta segunda-feira pelo grupo Transparência Internacional (TI). Segundo a própria instituição, com 3,3 pontos o País teve uma queda significativa de oito colocações em relação a 2005, quando recebeu nota 3,7 e ficou ao lado de Belize.
Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da Transparência Brasil, organismo ligado à Transparência Internacional, considera precipitado dizer que o País caiu oito posições, já que quatro países saíram da lista e nove entraram. “Com essas variações, o Brasil cai cinco posições”, aponta o diretor-executivo da Transparência Brasil.
A TI analisa a corrupção em 163 países e, segundo o resultado divulgado nesta segunda-feira, apontou que há uma forte ligação entre corrupção e pobreza. Os mais mal colocados são Iraque e Mianmar, com 1,9 pontos, e Haiti, com 1,8.
A escala é feita a partir da percepção sobre a corrupção pública e privada. Os países são classificados com notas de zero a dez, sendo que os que têm resultado menor que cinco apresentam “sérios” problemas de corrupção, como é o caso do Brasil. Já nas nações com notas inferiores a três, segundo a TI, a corrupção é “reinante”.
“A Corrupção mantém milhões de pessoas na pobreza”, afirmou o diretor da TI, Huguette Labelle. “Apesar de uma década de progresso para estabelecer leis e regulamentos anticorrupção, os resultados de hoje mostram que ainda há muito para ser feito”, reiterou.
No topo do ranking aparecem Finlândia, Islândia e Nova Zelândia, com 9,6 pontos, seguidos de Dinamarca, com 9,5, e Cingapura, que recebeu 9,4 pontos.
A Transparência Internacional não analisou países cujos dados não eram considerados suficientes para o estudo, incluindo Afeganistão, Somália e Coréia do Norte.
Para o diretor-executivo da organização Transparência Brasil, o índice “reflete a imagem de países, não de governos, embora haja uma tendência em responsabilizar governos sobre o que acontece em seus países”. Abramo afirma que isso acontece em nações como Brasil e Estados Unidos, onde os governos são descentralizados.
Abramo considera que as repercussões dos escândalos recentes, como o Mensalão, as denúncias contra Waldomiro Diniz e contra a máfia dos Sanguessuga contribuíram para a avaliação feita do Brasil. Para ele, segundo a percepção internacional, “o governo federal agiu timidamente, principalmente os governos municipais, o que acabou refletindo na posição brasileira”.
Por outro lado, “se os governos tomam medidas de combate à corrupção, isso tende a ser compreendido, apesar da pesquisa não fazer distinção entre os governos centrais e seus países”.
Abramo lembra ainda que a variação no índice precisa ser muito bem interpretada, já que “corrupção não muda de ano para ano, combatê-la é uma questão a longo prazo”.