O Alto Comissariado das ONU (Organização das Nações Unidas) para Refugiados informou nesta terça-feira que chega a 267 mil o número de sírios refugiados em países vizinhos em decorrência dos confrontos entre rebeldes e tropas do regime de Bashar Assad.
No entanto, apenas 137 mil foram registrados e recebem ajuda humanitária, de acordo com a porta-voz do órgão, Melissa Fleming. A representante explicou que a estimativa é baseada em números dos países vizinhos –Turquia, Iraque, Jordânia, Israel e Líbano–, nações asiáticas e do norte da África, como Egito e Argélia.
"Nós temos os números de sírios registrados, sabemos os que estão na lista de espera, e depois conhecemos os números estimados pelos governos. Por isso, os números diferem, mas podem ascender a pelo menos 267 mil".
O ponto mais crítico é na Turquia. Segundo estimativas da Acnur, cerca de 70 mil pessoas buscaram proteção. A quantidade de refugiados na região também aumenta devido aos combates entre o Exército e rebeldes em Aleppo, a 50 km da fronteira turca, que se intensificaram na semana passada.
Dentre os vizinhos sírios, a Jordânia é o país com mais refugiados: 140 mil, embora apenas 50 mil tenham se registrado com o Acnur para receber ajuda humanitária. O número de cidadãos que escapam do conflito também aumentou no Iraque, chegando a 11.465 registrados.
No Líbano, 34 mil estão recebendo ajuda humanitária, "mas as estimativas indicam que o número de refugiados no país é muito mais alto", especificou a porta-voz.
CAMPOS
Melissa Fleming destacou que por enquanto não existem campos de refugiados no Líbano porque "a amparada em famílias locais parece seguir funcionando, mas estamos preparados para estabelecer um quando for necessário, porque sabemos que a hospitalidade está chegando a níveis de saturação".
Precisamente, o Acnur teve que abrir um campo de refugiados na Jordânia, a dez quilômetros da fronteira com a Síria, onde residem cinco mil pessoas, mas que está preparado para expandir-se e acolher até 150 mil.
Este campo está acolhendo refugiados que estavam em acampamentos de passagem, um dos quais estava projetado para 800 pessoas, mas recebia oito mil.
Fleming admite que as necessidades de refúgio aumentarão nos próximos dias porque muitos sírios de classe média, que até agora pagavam com suas economias hotéis na Jordânia e no Líbano, ficarão sem recursos e terão que recorrer à ajuda humanitária.
OUTROS PAÍSES
Outros países do Oriente Médio e do norte da África também estão recebendo sírios. Segundo os registros do Acnur, 1.305 sírios podem estar no Egito desde julho, e 400 no Marrocos. Na Argélia, o governo anunciou que há entre 10 mil e 25 mil, mas somente 70 registrados no Acnur.
No entanto, a agência da ONU acredita que muitos deles estão hospedados em escolas e edifícios públicos, e por isso necessitariam de alguma assistência, apesar de não terem solicitado.
Precisamente, o Acnur informou que, com a ajuda do Crescente Vermelho, estão tentado ajudar moradores de Aleppo que não puderam ou não quiseram fugir.
Melissa Fleming assumiu que o Acnur –cujo escritório em Aleppo não está funcionando em sua capacidade total por causa da insegurança provocada pelos confrontos– não pode ajudar as 200 mil pessoas que abandonaram a cidade nos últimos dias.
Além dos refugiados, a ONU estima que há 1,5 milhão de sírios que saíram para áreas mais tranquilas do país e que pelo menos 17 mil pessoas morreram no conflito. Grupos opositores estimam que este número chega a 20 mil.
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