Ronaldo, enfim, desencantou. Depois de duas fracas atuações nas vitórias sobre Croácia e Austrália, o atacante marcou dois gols e foi o destaque da goleada sobre o Japão, por 4 a 1, no encerramento da primeira fase da Copa. Assim, ele entra embalado nas oitavas-de-final, quando o Brasil enfrentará Gana, na terça-feira, novamente em Dortmund.
A preparação de Ronaldo para a Copa na Alemanha foi conturbada. Recuperando-se de contusão muscular, ele chegou à seleção fora de forma, depois de ficar quase 2 meses sem jogar no Real Madrid. Aí, enfrentou bolhas no pé, um dia com febre, polêmica com o presidente Lula, luta para perder peso e até um misterioso mal-estar que o levou a um hospital para exames médicos.
Com tudo isso, Ronaldo começou mal a Copa. Contra a Croácia, esteve apático. E no jogo com a Austrália, melhorou um pouco, mas ainda ficou longe do ideal – em ambos os casos, acabou substituído por Robinho no segundo tempo. Já na partida com o Japão, na quinta-feira, ele agüentou os 90 minutos, marcou 2 gols e foi eleito pela Fifa como o melhor em campo.
“Cheguei abaixo do nível físico dos meus companheiros. Tive que ralar muito e ainda tenho muita coisa para melhorar”, admitiu Ronaldo, aliviado com a performance contra o Japão – afinal, ele corria sério risco de ir para o banco de reservas. “Estou muito contente com a minha atuação e a vitória do Brasil. Os gols dão tranqüilidade.”
Apesar das críticas e da pressão por mudanças, Parreira apostou na recuperação de Ronaldo. “Ele é especial, um jogador para os grandes momentos. Não começou bem a competição, mas está crescendo de produção. Nós sempre acreditamos nele”, explicou o treinador da seleção, ciente de que seu principal atacante finalmente “entrou” na Copa. “Foi importante ele ter feito os dois gols. Agora, chegamos com confiança nas oitavas-de-final.”
Só falta um
A performance contra o Japão rendeu confiança e também um recorde para Ronaldo. Ele chegou aos 14 gols na história das Copas, superando Pelé (12) e o francês Just Fontaine (13) e se igualando ao alemão Gerd Müller como o maior artilheiro de todos os tempos. “Isso é um objetivo, mas nunca foi o principal”, afirmou o atacante brasileiro, que tem o jogo com Gana para se isolar na liderança desse ranking.
Esta é a 4ª Copa de Ronaldo. Em 94, ele não entrou em campo. Depois, fez 4 gols em 98 e mais 8 em 2002, quando terminou como artilheiro. Agora, após os 2 contra o Japão, volta a brigar pela artilharia – por enquanto, o melhor é o alemão Klose, que marcou 4 vezes na primeira fase do Mundial da Alemanha.
Astro do futebol mundial desde muito jovem, Ronaldo já está acostumado às pressões e mostrou isso nesta Copa. Com o apoio de Parreira e dos jogadores da seleção, deu a volta por cima. Corria o risco de ir para reserva, mas agora está garantido entre os titulares, tentando colocar seu nome mais uma vez na história.
“Não tem que ter euforia na hora em que está dando tudo certo e também não tem que se desesperar quando as coisas não vão bem”, disse Ronaldo, consciente de que agora, a partir do mata-mata, a Copa do Mundo começa de verdade. “Estou progredindo dentro daquilo que a comissão técnica planejou para mim. Vamos continuar o caminho rumo ao hexa”.
Nesta sexta-feira, Ronaldo e todos os jogadores da seleção brasileira estão de folga. “Vamos descansar para chegar bem ao próximo jogo”, avisou o atacante. Mas no sábado eles já voltam os treinos na cidade de Bergisch Gladbach (região de Colônia), quando o Brasil começa a se preparar para enfrentar Gana, pelas oitavas-de-final da Copa do Mundo da Alemanha.