sexta-feira, 22/11/2024
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Estudo mostra que a maioria dos casos de disfunção sexual feminina está relacionada a insatisfação com o relacionamento

Mulheres podem ter prazer por meio de grande variedade de estímulos, mas muitas delas têm dificuldade de se excitar e de experimentar o orgasmo. Conhecida como “frigidez”, a disfunção sexual feminina (DSF) é um diagnóstico controverso, pois se refere a bloqueios psíquicos e fisiológicos que interferem no desejo, na excitação e no orgasmo. E os fatores de risco mais frequentes são a insatisfação com o relacionamento afetivo e o desempenho do parceiro, aponta um estudo da King’s College de Londres com 1.500 britânicas, publicado na Journal of Sexual Medicine. Os resultados questionam a concepção de que a ausência de prazer é causada pela falta de resposta do corpo feminino a estímulos sexuais.

“O termo frigidez sugere que a sexualidade naturalmente variável das mulheres é uma patologia. Mas a maioria dos problemas sexuais está relacionada a crenças pessoais, aspectos culturais ou simplesmente à falta de intimidade e confiança no parceiro”, diz a sexóloga Andrea Burri, uma das autoras da pesquisa. Segundo ela, 5,8% das entrevistadas, que tinham entre 18 e 85 anos, relataram problemas recentes. O mais comum deles é a falta de desejo. Em geral, essas mulheres se consideravam insatisfeitas em seus relacionamentos. Mais de 15% disseram que sempre tiveram dificuldades para sentir prazer. De acordo com Andrea, os casos de DSF contínua não raro estão associados a experiências de abuso sexual, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e distúrbios de ansiedade. “Tratamento psíquico e melhora da comunicação com o parceiro podem ajudar mais que intervenções focadas na ‘mecânica’ do sexo”, diz.

Outra pesquisa publicada no ano passado, da Universidade de Deakin, na Austrália, aponta o descontentamento com a relação amorosa como fator de risco para a DSF, assim como a ejaculação precoce masculina. “Em um casal, a disfunção de um interfere na do outro. Por isso é complicado diagnosticar ‘frigidez’”, observa a psicóloga Marita McCabe, da mesma universidade. Segundo ela, cientistas têm considerado a “angústia pessoal” como critério diagnóstico. Ou seja, dor durante o ato sexual e falta de desejo ou orgasmo não são indicativos de transtorno, a menos que incomodem a própria mulher.

Andrea, porém, adverte que esse critério pode ser falho. “Um número considerável de mulheres que não têm problemas sexuais relata, por exemplo, que entra em conflito com o parceiro por causa da frequência de atividade sexual. Apesar de não afetar o ato em si, isso aflige a mulher”, diz ela, ressaltando que as expectativas sobre um bom relacionamento sexual muitas vezes não correspondem à realidade. As duas pesquisadoras, no entanto, concordam que a psicoterapia pode ajudar de forma significativa no tratamento da DSF. “É uma forma de as pacientes se sentirem mais confortáveis com o próprio corpo e incentivá-las a se comunicar com o parceiro”, comenta Marita.

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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