quinta-feira, 07/11/2024
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Há vacina, mas pneumonia mata 2 milhões de crianças

A Organização Mundial da Saúde lançou um alerta há menos de um mês na revista científica The Lancet: a pneumonia é principal causa de mortes de crianças com menos de 5 anos em todo mundo.

Apelidada como “matadora esquecida”, superou as diarréias e é mais fatal nessa faixa etária que malária, sarampo e aids juntas. São mais de 2 milhões de mortes por ano. Desses casos, mais de 1,2 milhão são provocadas pelo Streptococcus pneumonia, micróbio para o qual existe vacina, mas seu alto preço (no País a dose custa cerca de R$ 220) impede a disseminação.

A gravidade do problema tem mobilizado o Instituto Sabin de Vacinas, liderado pelo médico brasileiro Ciro de Quadros, radicado há mais de 30 anos nos EUA. Ele está esta semana no Brasil para divulgar um trabalho de levantamento de informações que o grupo faz na América Latina para justamente ampliar o uso da vacina.

“As diarréias são uma causa importante de morte, mas há muito tempo foram iniciados programas para minimizar seus danos. Com o estreptococos, a situação é diferente. Nos últimos anos aumentou a resistência aos antibióticos, então o impacto no controle foi bem menor”, explica Quadros.

Para piorar, nos países em desenvolvimento, em especial na América Latina, não há estatística sobre mortes. Em 1999 houve cerca de 100 mil mortes, mas Quadros acredita que só um número específico pode ajudar a pressionar governos a integrar a vacina no programa público.

Segundo ele, hoje, para vacinar uma criança contra difteria, tétano, coqueluche, sarampo, tuberculose e pólio, gasta-se apenas US$ 1. A do estreptococos pneumonia custa US$ 50 a dose. “Claro que ela é cara porque está entrando agora no mercado. Eventualmente pode baixar de preço, mas a realidade para os países da América Latina e da África é que não se conhece bem a carga da enfermidade. Não se sabe quantos casos existem, quanto custa para o governo tratar essas doenças, comprar antibióticos, hospitalizar etc.”, explica. “Ou seja, um governo só decidirá investir em vacina se perceber que vai economizar. É isso que estamos levantando.”

Desde fevereiro, economistas e epidemiologistas do Sabin estão varrendo os países da América Latina atrás dessas informações. A análise deve ser concluída até meados de novembro e será apresentada em um simpósio internacional em dezembro no Brasil, que contará com a participação de pesquisadores da doença e representantes dos governos. “Com isso em mãos poderemos determinar a que preço a vacina poderia ser introduzida nos calendários oficiais de vacinação desses países.”

Vacina Para Os Pobres

Agora por que um instituto que tem como foco as doenças negligenciadas (moléstia que apesar de causarem milhares de mortes no Terceiro Mundo não contam com investimento para pesquisa de drogas e vacinas) está dando atenção a um mal que no mínimo já tem vacina?

“Por que a tecnologia é desenvolvida e fica anos na prateleira. A da hepatite B levou mais de 20 anos para ser introduzida em países em desenvolvimento. É uma iniqüidade incrível. Países desenvolvidos têm 15, 16 vacinas nos seus programas de vacinação enquanto os da África, apenas 5 ou 6. É um absurdo. Por um lado queremos colocar recurso e ênfase na pesquisa de doenças negligenciadas, por outro usar as vacinas que já existem”, explica.

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Parmenas Alt
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