A solução para as reivindicações dos índios caingangues que estão acampados desde domingo em frente à casa de máquinas da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) de Apucaraninha, em Tamarana, no norte do Paraná, pode caminhar mais rapidamente a partir da próxima semana. Até lá, os índios não pretendem levantar o acampamento, embora estivessem propensos a permitir que os funcionários da Companhia Paranaense de Energia (Copel) entrassem e saíssem do local livremente. Três funcionários estão dentro da usina, alternando-se no trabalho e garantindo produção normal de energia.
Os índios protestam contra a demora no pagamento de uma indenização, em razão do uso dos recursos naturais. A usina, que foi construída em 1949, fica dentro da reserva indígena, onde vivem 1,5 milhão de índios. Dentro da categoria de PCH, ela tem potência instalada de 9,5 megawatts, energia capaz de atender uma população de aproximadamente 30 mil pessoas. Com forma de pressão, os índios colocaram dois barris com óleo diesel na porta da casa de máquinas.
O procurador da República em Londrina João Akira Omoto reuniu nesta terça-feira representantes da Fundação Nacional do Índio, da comunidade caingangue e da Copel para discutir uma alternativa para o impasse. Nessa reunião ficou estabelecido que no dia 24 haverá novo encontro, quando pode ser discutido um possível valor de indenização. As lideranças indígenas disseram que são pressionadas pela comunidade, pois em reunião realizada em setembro, em Curitiba, foi prometido um novo encontro em 15 dias, em Londrina, o que não aconteceu.
Segundo a ata da reunião realizada na Procuradoria, os índios declararam-se “temerosos” em razão do leilão, ganho pela Copel, para a construção da Usina Hidrelétrica de Mauá, no Rio Tibagi. A comunidade caingangue tem cinco aldeias na Bacia do Tibagi. Ontem à tarde não foi possível conversar com os líderes indígenas, mas o administrador da Funai em Londrina, José Gonçalves Santos, disse acreditar que os índios iriam permitir livre acesso aos funcionários da Copel. “Houve boa vontade de ambas as partes”, afirmou. Eles iriam reunir os outros índios para discutir o assunto. Os operadores que estão dentro da usina garantiram à direção do órgão em Curitiba que não se sentem ameaçados e estão bem, inclusive com suprimento alimentar, para o caso de a mobilidade deles continuar cerceada.