O presidente do opositor CNS (Conselho Nacional Sírio), Burhan Goleeon, afirmou nesta quinta-feira que a equipe de observadores que visitou nos últimos dois dias a cidade de Homs, no centro da Síria, foi alvo de disparos, embora os moradores os tenham protegido.
"Os observadores foram alvo de disparos no bairro de Jalidiya e foi o povo sírio quem os protegeu e os acolheu em suas casas", afirmou Goleeon em declarações à imprensa na sede da Liga Árabe no Cairo depois de se reunir nesta quinta-feira com seu secretário-geral, Nabil al Arabi.
Goleeon não detalhou quem foram os autores dos disparos nem quando aconteceu o fato, que ocorreu durante a estadia de uma missão da Liga Árabe que chegou a Homs na terça-feira.
A delegação de observadores na Síria se dirigiu nesta quinta-feira a três novas cidades (Deraa, Hama e Idlib) para verificar se o governo retirou as forças de segurança das ruas, em cumprimento a um plano de paz firmado entre o regime de Bashar Assad e a Liga Árabe.
Na quarta-feira, depois que a delegação esteve em Homs, centro das revoltas contra o ditador sírio, a cidade foi palco de protestos de uma multidão que exigia proteção internacional.
A missão da Liga Árabe, primeiro envolvimento internacional em território sírio desde o início das manifestações antigovernamentais, em março, teve um início polêmico pelo fato de seu líder, o general sudanês Mustafa al Dab, ter dito que não viu "nada assustador" em sua primeira visita a Homs.
Posteriormente ele declarou precisar de mais tempo para fazer uma avaliação da situação na cidade, alvo de ataques das forças do governo nos dias que precederam a chegada da delegação.
A Liga Árabe disse que a missão precisa de aproximadamente uma semana para determinar se Assad cumpriu sua parte no acordo. Falando à Reuters por telefone de Damasco, Dabi disse que sua equipe, composta por cerca de 20 integrantes, ainda passará muito tempo investigando a situação.
Também na quarta-feira, a TV estatal síria disse que o governo libertou 755 pessoas detidas nos distúrbios, e "cujas mãos não estavam manchadas por sangue sírio". Milhares de outros ativistas continuam presos.
A entidade de direitos humanos Human Rights Watch acusou as autoridades sírias de transferirem centenas de presos para instalações militares inacessíveis aos monitores da Liga Árabe. A ONG disse que os monitores precisam insistir para terem pleno acesso a todos os centros penitenciários.
Os protestos pacíficos dos últimos meses na Síria vêm gradualmente dando lugar a confrontos armados, inclusive com a participação de militares desertores. Vários bairros de Homs foram bombardeados por tanques e morteiros como parte da repressão governamental ao movimento pró-democracia.
MISSÃO DA LIGA ÁRABE
Os observadores da Liga Árabe estão na Síria para avaliar a implementação de um acordo de paz pelo qual Assad se compromete a encerrar a repressão militar contra os manifestantes, libertar presos políticos e iniciar um diálogo com a oposição.
O objetivo da missão é acompanhar no local o cumprimento dos pontos do acordo para encerrar a crise que atinge o país desde meados de março, quando começaram os protestos contra o ditador Bashar Assad e a repressão das forças governamentais contra os manifestantes.
Desde que assinou o acordo com a Liga, em 2 de novembro, o regime de Assad tem sido acusado de intensificar a repressão aos opositores.
Segundo a ONU, mais de 5.000 pessoas já morreram no país desde o início das revoltas. O regime, por sua vez, afirma que a violência é responsabilidade de "grupos armados" que tentam espalhar o caos no país e alega que os confrontos já mataram 2.000 soldados.
AG INT/F.COM