Uma questão que se coloca, nestes dias nublados (em sentido figurado), é saber qual foi ‘espírito suíno’ que pensou a configuração jurídica da tal ‘Agecopa’. O ‘monstrengo’ sempre sofreu críticas, desde sua concepção.
Dissemos que [agecopa] parece nome de remédio.
E é uma espécie de remédio, tipo vitamina (Complexo ‘C’ de Corrupção) cujos componentes têm como efeito engordar bolso(s) de malandro(s).
Repare você que o Estado de Mato Grosso tem um orçamento na casa dos seis bilhões de reais anuais e a tal ‘autarquia’ (anarquia, seria o mais correto) abocanhava 1/5 do total, de largada. Previa-se inflar ainda mais o cofre da tal agência da Copa do Pantanal. Recursos que migraram (e minguaram) da saúde, educação, segurança pública e assistência social, por certo.
Basicamente deu-se a uma entidade estranha à Administração Pública, formada por políticos rejeitados pelas urnas e sem qualificação pertinente, o poder de dizer a última palavra sobre todas as obras de infra-estrutura, durante pelo menos durante uns cinco anos. E tudo isso sem a fiscalização de ninguém (proibia-se o exercício do poder hierárquico, na lei da Agecopa).
O nosso Tribunal de Contas bem que tentou evitar o pior. Suspendeu uns dois contratos. Mas foi só. A AGE (Auditoria Geral do Estado) que deseja se transformar em Controladoria nos moldes da CGU (Controladoria Geral da União) não foi capaz de perceber (e denunciar) a letargia e gastança na Agecopa.
E o resultado?
Em menos de dois anos foram gastos milhões de reais com supérfluos, foi edificada uma suntuosa sede da Agecopa, que impressionou até mesmo o deputado federal e ex atleta Romário (acostumado a freqüentar locais luxuosos mundo afora), mas resultado (social) que é bom, nenhum.
Dos deputados que aprovaram a lei e ‘sabatinaram’ os dirigentes da tal autarquia pouco se espera. Mas é claro que o futuro desta geração de mato-grossense está nas mãos da classe política. É crível que, por inércia das autoridades e complexo de cleptomania (de alguns), o nosso Estado de Mato Grosso possa inclusive perder o direito de receber a Copa do Mundo.
Imaginemos o desastre!
Ponderação é recomendável. O povo quer a Copa do Mundo em Cuiabá, e não perdoará os políticos que ‘agem pouco’ se for mantida a agecopa (ou uma sucessora com os mesmos vícios). Ora, no quadro de servidores públicos estaduais há bons engenheiros (área de projetos), administradores e economistas (gestão), advogados (licitação) e auditores (controle).
Basta dialogar com o povo sobre as obras, o custo econômico, social e o impacto na vida das pessoas (o ideal é um debate tipo ‘orçamento participativo’). A própria estrutura estatal dará conta da execução das obras (ela existe para isso, ora bolas!). O clima é saudável e propício para a conciliação e ainda há tempo de se fazer a coisa certa.
Agir é preciso!
Por Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho*