domingo, 24/11/2024
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Simpatia de Obama reduz distância entre Brasil e EUA

A visita de Barack Obama no fim de semana foi um alento para os brasileiros que já andavam carentes de um discurso no bom estilo de Luiz Inácio Lula da Silva, a ausência mais notável dos eventos diplomáticos. Obama mostrou um jeito acessível e popular para todos os públicos. Para a elite de Brasília, citou o otimismo de Juscelino Kubitschek. Para a classe média, citou Paulo Coelho e Jorge Benjor no Theatro Municipal do Rio. Na Cidade de Deus, fez o povo brasileiro sorrir, mostrando que os americanos, depois de décadas de supremacia bélica e econômica, ainda não têm nenhuma habilidade com a bola nos pés.

Se o carisma foi arrebatador, as relações políticas e econômicas tiveram bons sinais, mas deixaram um gosto de quero mais para o povo brasileiro. Apesar dos 10 acordos mais genéricos, há expectativa de que, em junho, quando a presidenta Dilma Rousseff retribuir a visita, decisões mais enfáticas sejam tomadas. Um deles, a queda do visto para imigrantes que vão de um país para outro, assunto vetado entre os presidentes.

Uma grande expectativa do governo brasileiro era a demonstração de apoio mais enfático para a ocupação permanente do Brasil de uma vaga no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nenhuma palavra sequer se ouviu da boca de Obama publicamente sobre o tema, durante a viagem, mas o Brasil conquistou, a muito custo, uma denotação de “apreço” do presidente americano pelos anseios nacionais na declaração conjunta oficial.

O Brasil também queria a queda das barreiras tarifárias americanas aos produtos nacionais, mas sabia que um acordo formal era praticamente incerto. Principalmente porque essas pressões tem mais a ver com o Congresso americano do que com o presidente em si. No entanto, o governo brasileiro obteve duas vitórias relevantes: a primeira foi a presidenta Dilma ter tomado a liberdade de, abertamente, declarar-se contra a manipulação cambial dos EUA e seu protecionismo. Esse discurso franco da presidenta indicou uma relação, de fato, menos desequilibrada entre Brasil e EUA e deu amparo para endurecimento em eventuais conflitos comerciais no bom estilo “eu bem que te avisei”.

A segunda vitória foi a certeza dita e ratificada de que eles querem nosso petróleo. Em se tratando do pré-sal, pode ser considerada uma vitória brasileira o fato de não ter sido celebrado nenhum acordo sobre petróleo neste momento. Isso porque a extração comercial dos barris ainda está distante e qualquer compromisso assumido hoje poderia ser mais vantajoso aos EUA do que ao Brasil e à Petrobras. Ainda no ramo energético, o Brasil conseguiu alguns acordos superficiais, mas as barreiras protecionistas dos EUA vão muito além de uma intenção de se pesquisas sobre biocombustíveis par aviação.

O acordo econômico mais relevante, porém, não poderia ser dito claramente, mas ficou claro: a aproximação de Brasil e EUA para enfrentar a ascendência asiática no tabuleiro econômico mundial, principalmente chinesa, que desequilibra as contas de ambos os países e coloca em xeque a supremacia dos EUA.

E se faltaram acordos mais relevantes em termos econômicos, sobraram sorrisos, abraços e emoção. Com a ajuda de uma segurança firme, mas tolerante, Obama e sua esposa Michelle conquistaram o público brasileiro, levando até crianças a uma emoção muito difícil de se explicar. No Theatro Municipal, Obama falou à “cidade maravilhosa” e os VIPs convidados sobre as semelhanças entre Brasil e EUA. Durante todo o fim de semana, o presidente dos EUA esbanjou sorrisos e simpatia, mas, por trás do visual agradável, carregou o peso da decisão sobre atacar a Líbia durante a viagem.

Ainda que o discurso tenha se sobreposto ao pragmatismo político e comercial, é inegável que a visita de Obama ao Brasil tenha trazido vitórias para ambos os países e suas principais representações políticas. Ganhou Dilma, que trouxe um caminhão de simpatia para o seu governo, embora muito popular carente de grandes emoções até agora. E ganhou Obama, que leva consigo um bom saldo de animação e perspectivas a um país que ainda se recupera da grande crise de 2008. Ao discursar dizendo que o Brasil não é mais um país do futuro, mas que esse futuro é “here and now”, aqui e agora, Obama resume o relacionamento atual dos dois países, de mais igualdade e parcerias, além das belas palavras e de um sorriso contagiante.

Danilo Fariello e Severino Motta, iG Brasília

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Parmenas Alt
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