domingo, 24/11/2024
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Sem Palocci e sem DEM, Kassab se isola em esforço para criar PSD

Protagonista do que adversários descrevem como uma “enxurrada de erros políticos”, o prefeito paulistano Gilberto Kassab se vê cada vez mais isolado em meio à corrida para fundar o PSD. Depois de azedar a relação com setores da oposição por buscar uma aproximação com a presidenta Dilma Rousseff, Kassab viu sua situação se agravar durante a crise que derrubou o ex-ministro Antonio Palocci e agora vive um cenário ainda mais complicado com a ruptura dos últimos elos que mantinha com o DEM.

Desde que anunciou que deixaria seu partido para criar o PSD, Kassab tem colecionado inimizades e desavenças. Vive às turras com o grupo tucano ligado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; enfrenta rejeição de setores do DEM paulistano que se recusaram a migrar para PSD; e discutiu em público com o deputado Gabriel Chalita, hoje presidente estadual do PMDB.

Cada vez mais irritado com as dificuldades para tirar seu novo partido do papel a tempo de disputar as próximas eleições, Kassab invadiu o gabinete do secretário estadual Rodrigo Garcia (DEM) na última quarta-feira, ameaçando aos gritos “acabar” com o antigo aliado.

Segundo fontes ligadas a Kassab e ao PT, o prefeito se escorava na aproximação do PSD com o governo Dilma Rousseff. Seu principal interlocutor junto a Dilma era Palocci, que trabalhava a favor da criação do novo partido, com o objetivo de atrair parte da oposição no Congresso para a base governista. De acordo com petistas, o ex-ministro esteve pelo menos três vezes em São Paulo para articular a criação do PSD e abrir caminho para posterior aproximação da sigla com o governo. Entre outras coisas, ele teria prometido uma das vice-lideranças do governo na Câmara para os aliados de Kassab.

Com a queda de Palocci, o prefeito perdeu o canal com o governo. Vereadores da base kassabista alegam que uma das explicações para o comportamento destemperado de Kassab seria o fato de Garcia e o ex-secretário de governo Alexandre de Moraes (DEM) terem aproveitado o momento de distanciamento com o Planalto para tentar minar a viabilização do PSD. Pela versão dos vereadores, ambos teriam municiado a direção nacional do DEM com informações sobre ilegalidades na coleta das 500 mil assinaturas necessárias para o registro do novo partido. “Rodrigo aproveitou o vácuo deixado pelo Palocci para atacar”, disse um vereador ligado ao prefeito.

Segundo esse vereador, na discussão de quarta-feira, Garcia teria tentado se defender dizendo que as informações sobre uso da máquina municipal para coleta de assinaturas de apoio ao PSD, assim como a revelação feita pelo iG de que até mortos assinaram fichas de criação da sigla, teriam partido da direção nacional do DEM. “Eu sei que foram vocês (Garcia e Moraes)”, respondeu Kassab, segundo relatos.

Reação

Nesta sexta-feira, diante da repercussão provocada pelas notícias sobre a briga e as ameaças que teriam sido feitas pelo prefeito – Kassab teria dito a Garcia frases como “Eu sei de todos os seus podres” -, o secretário procurou vereadores da base kassabista para buscar uma pacificação. As respostas foram negativas. “Quem é louco de se meter nessa briga? Os dois se conhecem há décadas e estão com as metralhadoras carregadas. Vão acabar se matando”, disse ao iG um vereador.

A notícia também provocou um distanciamento ainda maior do grupo de Alckmin em relação ao prefeito. Os dois já acumulavam desafetos desde a eleição municipal de 2008, quando disputaram a prefeitura paulistana. “O Alckmin sabe muito bem que o melhor a fazer agora é ficar bem longe dessa história”, disse um tucano ligado ao governador.

Ainda antes da queda de Palocci, Kassab buscou aproximação com o PT. Quinze dias atrás o prefeito recebeu o presidente do partido, Rui Falcão, para uma conversa em sua casa. Na ocasião, acenou com ofertas de aliança no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2012, apoio na coleta de assinaturas para instalação de CPIs contra o governo Alckmin na Assembleia Legislativa de São Paulo, ajuda para provar que o sigilo fiscal de Palocci teria sido violado na Secretaria Municipal da Fazenda e até com o apoio ao PT em uma eventual disputa entre Dilma e Aécio Neves (PSDB) em 2014.

Falcão, que integra o PT paulistano e faz forte oposição à prefeitura, não deu sinais de sensibilização.
Segundo pessoas próximas, Kassab agora aposta todas suas fichas na proximidade entre o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, seu sócio na criação do PSD, e a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Embora tenham se enfrentado na disputa pelo governo catarinense no ano passado, Colombo e Ideli têm uma boa relação e chegaram a se encontrar em Florianópolis em janeiro deste ano, quando a petista ainda era a ministra da Pesca.

Ricardo Galhardo, iG-SP

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Parmenas Alt
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