As autoridades de saúde da Alemanha suspenderam o alerta sobre alface, pepinos e tomates crus por causa do surto da bactéria Escherichia coli (E. coli), que já deixou ao menos 29 mortos na Alemanha e um na Suécia, após semanas de crise e um enorme prejuízo ao setor agrícola.
A medida foi levantada após os alemães indicarem que brotos de vegetais cultivados em uma pequena área agrícola em Bienenbüttel, na Alemanha, são os responsáveis pela disseminação da bactéria.
As informações foram divulgadas pelos porta-vozes do Instituto Robert Koch (RKI) e do Instituto Federal de Avaliação de Riscos em coletiva de imprensa.
“Foi possível determinar que a causa do surto foram os brotos”, disse Reinhard Burger, do RKI. “As pessoas que consumiram esses produtos tiveram nove vezes mais probabilidade de sofrer de diarreia com sangue [um dos principais sintomas da infecção] do que aquelas que não consumiram”, acrescentou.
“Os cidadãos podem voltar a comer sem medo alface, pepino e tomate, desde que mantenham as devidas medidas de higiene”, ressaltou também a ministra da Agricultura, Ilse Aigner, em um comparecimento diante da imprensa no Parlamento, imediatamente após a entrevista coletiva dos especialistas.
O primeiro caso de contaminação foi detectado em 1º de maio, mas só algumas semanas depois começaram as internações maciças por causa do surto.
Desde 25 de maio, quando o RKI recomendou à população que não consumisse verduras cruas, esses vegetais tinham praticamente sido banidos das prateleiras de muitos supermercados do norte do país.
Um dia após o alerta geral, as autoridades de Hamburgo suspeitaram que a origem do surto seriam pepinos espanhóis, após terem detectado uma safra potencialmente infectada de uma perigosa e desconhecida cepa da bactéria.
O alarme sobre os pepinos espanhóis foi retirado dias depois, mas persistiu a recomendação para que a população não consumisse alface, pepino e tomate crus, o que gerou enormes prejuízos ao setor agrícola de toda a Europa, especialmente ao espanhol e ao alemão.
ALÍVIO
Ilse e o ministro de Saúde, Daniel Bahr, manifestaram seu “alívio” pelas informações do Instituto Robert Koch e do Instituto Federal de Avaliação de Riscos, que consideraram que “o pior passou”, já que o número de novos infectados diminuiu. Apesar disso, não se descarta que ocorram novas mortes, como as duas registradas nesta sexta-feira, uma na Baixa Saxônia e outra em Schleswig-Holstein.
Os dois ministros defenderam as medidas adotadas pelas autoridades diante da crise e que foram alvo de duras críticas da oposição alemã e dos membros da UE afetados.
“A medida foi correta e esteve de acordo com os parâmetros dos especialistas perante este tipo de infecção”, disse Bahr, para quem a recomendação contribuiu para que mais pessoas não fossem contaminadas, “já que, habitualmente, as sementes são consumidas em saladas”.
ESPANHA
Nesta quinta-feira, a Espanha conseguiu o apoio alemão para tentar reconquistar a boa reputação de suas hortaliças. Autoridades espanholas disseram que a Alemanha lamentou as suas primeiras e precipitadas declarações que acusavam os pepinos provenientes daquele país de propagarem a doença.
O governo alemão se comprometeu a esforçar-se para recuperar o prestígio dos produtos agrícolas espanhóis afetados pela crise sanitária na Europa”, afirmou Diego Lopez Garrido, secretário de Estado espanhol para a UE, após reunir-se com seu homólogo alemão, Werner Hoyer.
Lopez Garrido disse que a Alemanha dará apoio a uma campanha de promoção dos produtos agrícolas espanhóis que está sendo organizada em Madri para “recuperar o prestígio, a qualidade e a credibilidade dos produtos”.
Hoyer “lamentou profundamente” e “expressou insatisfação” pelos danos causados ao setor agrícola espanhol, que se viu “especialmente afetado pelas primeiras declarações que acusaram os pepinos pela origem das contaminações”, garantiu o espanhol.
SURTO
O atual surto foi causado por uma variedade supertóxica de E. coli, que normalmente pode ser encontrada nas fezes de humanos e animais e pode se espalhar com maus hábitos de higiene desde a fazenda até o preparo do alimento.
Mais de 3.000 pessoas em 12 países já apresentaram sintomas de infecções intestinais provocadas pela bactéria. Quase todos os casos registrados fora da Alemanha são de pessoas que moram ou viajaram ao país. Ao menos 30 pessoas morreram, 29 na Alemanha e uma na Suécia.
O EHEC tem um período de incubação médio de três a quatro dias e a maioria de pacientes se recupera em dez dias. Mas em uma pequena parte dos pacientes –principalmente crianças e idosos– a infecção pode levar à Síndrome Hemolítico-Urêmica (SUH), causada por uma toxina específica desta variedade de E.coli que destrói hemácias (células vermelhas do sangue) e provoca insuficiência renal.
“Isso explica por que muitos pacientes que já superaram a fase diarreica apresentam depois graves sintomas neurológicos”, disse Greinacher.
F.COM