Pelo menos 10% das árvores derrubadas acidentalmente em áreas urbanas das
maiores cidades de Mato Grosso podem continuar tendo alguma utilidade, antes
de serem consideradas inservíveis ou mesmo incineradas. A tese é sustentada
pelo professor Darcy Secchi, coordenador do Projeto Arte Pós-Descarte na
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em exposição no saguão da Câmara
de Cuiabá.
A exposição “Raízes da UFMT” foi feita com restos de um exemplar de mogno –
árvore nativa da Amazônia cuja exploração comercial é proibida, que foi
arrancada, com raiz e tudo, dentro do Campus Universitário, durante temporal
ocorrido no final do ano passado. “Na floresta, o mogno não pode ser
retirado. É crime. Esse exemplar nos foi dado ‘de presente’ pela própria
natureza”, argumenta Darcy Secchi.
Os alunos do Programa de Educação Tutorial (PET), coordenados por Secchi,
estão extraindo madeira de locais impróprios, terrenos baldios, canteiros,
lixões, margens de córregos e similares para desenvolver sua arte.
“Interessante que o trabalho é para interferir o mínimo possível no formato,
contorno e tamanho original do resto de árvore”, aponta a secretária de
Cultura e Resgate Histórico da Câmara de Cuiabá, Daniela Ribeiro Cardoso,
responsável pela operacionalização da parceria com a UFMT. Daniela Cardoso
citou que o material descartado serviu para arte, moveis e utilitários, o
que tem impressionado os visitantes da exposição.
O presidente da Câmara de Cuiabá, vereador Júlio Pinheiro (PTB), aponta que
a parceria com a UFMT é uma das muitas que o Poder Legislativo da Capital
tem feito, nos últimos meses, para inserir a cultura e a valorização da arte
de Mato Grosso, no cotidiano do Palácio Paschoal Moreira Cabral. “Em cada
semana, temos apresentado uma exposição diferenciada, no saguão desta Casa
de Leis”, argumenta o presidente Júlio Pinheiro.
Ronaldo Pacheco