Em meio à polêmica de revelar ou não as supostas imagens da morte do terrorista Osama bin Laden, o presidente dos EUA decidiu nesta quarta-feira não mostrar as fotos, gerando críticas da oposição republicana. Já o secretário de Justiça americano, defendeu a morte do chefe da rede Al Qaeda como um ato de “autodefesa nacional”.
Ainda no final desta quarta-feira a CNN indicou ter confirmação por parte de autoridades americanas de que os Seals –força de elite da Marinha que mataram Bin Laden– estavam de volta ao país.
Justificando sua decisão, Obama disse ao programa “60 Minutes”, da CBS, que “os riscos da divulgação superam os benefícios”.
“As teorias de conspiração ao redor do mundo vão alegar que as fotos são montagens, de qualquer forma. Há um risco real de que a divulgação das fotos sirva apenas para inflamar a opinião pública do Oriente Médio”, completou o presidente, em trechos adiantados no site da emissora.
Horas depois, o porta-voz da Casa Branca, Jim Carney, corroborou as declarações de Obama e disse que Obama consultou sua equipe de segurança nacional antes de tomar a decisão.
Em sua coletiva diária à imprensa, Carney argumentou a favor da decisão do presidente e reforçou que os mais altos funcionários do setor o ajudaram a decidir que não está nos interesses dos EUA divulgar as imagens, que segundo ele, são muito fortes. “São as fotos de alguém que levou dois tiros na cabeça”, argumentou.
“Muitos estão dizendo que isto não passa de uma armação, de um truque americano, e que não é verdade que Bin Laden morreu. A verdade é que o presidente Obama teve a confirmação de que ele está morto. Estamos monitorando a reação mundial e entre a Al Qaeda também não há dúvidas de que ele morreu”, disse.
LEGALIDADE DA AÇÃO
Céticos contudo pressionam os EUA a divulgar as imagens, a única prova de que Bin Laden estaria morto. O corpo do terrorista, que passou mais de dez anos escondido, foi lançado no mar Arábico, para evitar que seu túmulo se transformasse em um santuário.
O corpo de Bin Laden foi identificado pelas autoridades americanas através de técnicas de reconhecimento facial e exame de DNA.
Outras críticas referem-se à legalidade da ação. Ainda não estã claro se os EUA infringiram a soberania do Estado paquistanês e se o país, tinha, de fato, o direito de realizar a operação de acordo com as legislação internacional.
O diretor da CIA, Leon Panetta, confirmou a versão da Casa Branca e afirmou em entrevista à rede de televisão NBC que Bin Laden nunca se rendeu. “Também estava, como parte das regras da operação, que se ele de repente levantasse as mãos e se rendesse, então teríamos a oportunidade, obviamente, de capturá-lo. Mas essa oportunidade nunca foi apresentada”, explicou.
O secretário de Justiça dos EUA, Eric Holder, disse que a morte foi um ato de “autodefesa nacional”.
“Foi justificado como um ato de autodefesa nacional”, disse Holder ao Comitê de Justiça do Senado, citando a confissão feita por Bin Laden de envolvimento nos ataques de 11 de Setembro de 2001 nos EUA. “Se ele tivesse tentado se render, acho que teríamos aceito, mas não houve qualquer indicação de que ele queria fazer isso, então a morte foi adequada”, disse.
O secretário defendeu ainda a legalidade da ação, já que Bin Laden “era chefe da Al Qaeda, organização que realizou o 11 de Setembro, e admitiu seu envolvimento”.
FOTOS FALSAS
Mais cedo, senadores republicanos disseram ter visto uma foto de Bin Laden e defenderam sua divulgação. Entre eles Kelly Ayotte, que argumentou contra a decisão de Obama.
Na noite desta quarta-feira, no entanto, a agência de notícias Efe e a emissora americana CNN noticiaram que o governo americano afirmou que fotos oficiais de Osama bin Laden jamais circularam no Congresso e que não há chances de que as imagens sejam oficiais.
Em reação, os três senadores republicanos –Kelly Ayotte, Scott Brown e Saxby Chambliss– se retrataram e admitiram que as imagens foram vistas em “equipamentos eletrônicos” e que, de fato, “não é possível saber se eram autênticas”.
REPUBLICANOS CRITICAM
Ainda durante à tarde a senadora Kelly Ayotte disse ter visto uma das fotos do cadáver e que é possível confirmar a identidade de Bin Laden na imagem. Ela defendeu ainda a divulgação das fotos, para acabar com as “teorias da conspiração” ao redor do mundo que colocam em dúvida a morte do terrorista.
“Eu vi uma delas [foto]. Outro senador mostrou-a para mim”, disse Ayotte acrescentando que tratava-se de uma imagem facial.
A senadora disse que os EUA deveriam tornar públicas as imagens. “Infelizmente, nós já vimos em muitos casos ao redor do mundo que podem haver teorias da conspiração sobre este tipo de fatos. Então eu acho que é importante, em termos de encerrar a questão, que embora ninguém queira ver fotos perturbadoras, encerrar estas dúvidas é muito importante”.
A senadora afirmou ainda que embora não seja uma especialista, em sua opinião, trata-se de Bin Laden nas imagens.
“Eu vi uma foto dele morto, da área da cabeça. Obviamente ele estava ferido (…) Esta é a melhor descrição que eu posso dar”, afirmou.
Questionada se a a foto confirma, de fato, que o cadáver é do chefe da rede terrorista Al Qaeda, a senadora respondeu: “Na minha opinião, sim. Obviamente eu não sou uma especialista no assunto, mas (…) já que ele é uma figura tão conhecida, quando você vê a foto, vê-se claramente as feições dele”.
Ayotte fez os comentários após uma reunião a portas fechadas entre o diretor da CIA, Leon Panetta, e um grupo de senadores. Outros parlamentares saíram da sala dizendo não ter visto a foto.
SARAH PALIN
Outros membros da oposição criticaram Obama. “Mostre a foto [do corpo de Osama bin Laden] como um aviso aos outros que querem a destruição da América. Sem covardia, sem politicagens, sem drama; faz parte da missão”, disse a ex-governadora do Alaska e líder do movimento ultradireitista Tea Party, a republicana Sarah Palin, em sua conta no Twitter.
Seu comentário rendeu centenas de réplicas de usuários que a acusam de querer atacar a reputação de Obama mesmo após a missão que o garantiu um aumento de até 11 pontos percentuais em sua popularidade, de acordo com pesquisas recentes.
F.COM