No final da tarde de ontem, a Força Aérea Brasileira (Fab) iniciou o trabalho de retirada dos primeiros dos 155 corpos das vítimas do acidente com o Boeing 737-800 da Gol, ocorrido na sexta-feira. Os corpos resgatados foram levados de helicóptero para a Base Aérea da Serra do Cachimbo (PA). Mas até agora, as autoridades oficiais da aviação ainda não descartaram completamente a possibilidade de haver sobreviventes.
“Do ponto de vista técnico, é quase impossível que haja sobreviventes. Mas não podemos descartar a possibilidade”, disse, durante uma coletiva no final da tarde, a diretora da Agência Nacional de Aviação Comercial (Anac), Denise Abreu. Segundo informações extra-oficiais, a maioria dos corpos retirados está irreconhecível e só será identificada com exame de DNA, a ser feito com a chegada em Brasília.
Ao longo do dia de ontem, homens da Fab e do Corpo de Bombeiros do Estado trabalharam nas buscas de possíveis sobreviventes e na abertura de uma clareira para possibilitar que as aeronaves aterrissassem no local. A área onde o avião caiu fica a 30 quilômetros da sede da fazenda Jarinã, na área indígena Kapoto-Jarina, no município de Peixoto do Azevedo (700 quilômetros ao norte de Cuiabá).
Conforme o comandante da Polícia Militar no município, coronel Moraes, que disponibilizou cinco policiais a Fab para ajudar a encontrar o local da queda na mata sábado, havia a possibilidade do uso de caminhões frigoríficos para a retirada dos corpos. Segundo ele, alguns veículos já haviam se deslocado para a região do acidente ontem.
“Hoje, os trabalhos estão a cargo apenas do Corpo de Bombeiros e da Fab. Tivemos que concentrar as atividades nas eleições, porque há uma comunidade com urnas a 12 quilômetros da área. Mas temos a informação de que o primeiro frigorífico ainda deve sair de lá no final da tarde”, comentou o comandante, que disse não poder descrever o cenário do local da queda em virtude de orientação da Fab. “Eles pediram para concentrar as informações e apenas eles divulgarem qualquer coisa. Não posso falar”.
Ao longo de todo o dia, a reportagem tentou contato telefônico com a fazenda Jarinã que está servindo como base para os trabalhos de busca, mas não conseguiu retorno sobre informações, em virtude do congestionamento da linha.
Ainda no final da tarde de ontem, as primeiras imagens do local do acidente foram divulgadas pela Fab. Uma das fotos fornecidas pelo órgão mostrava parte do trem de pouso da aeronave virado para cima. O equipamento parecia ter sido acionado antes da queda, já que as rodas para aterrissagem estavam fora do compartimento que as guardam.
INVESTIGAÇÃO – A caixa-preta do avião Legacy, da Embraer, que teria colidido com o Boeing da Gol, começou a ser analisada ainda ontem pela comissão de investigação da Anac. A informação é do presidente do órgão, Milton Zuanazzi. A tripulação e a caixa-preta do avião chegaram ontem a São José dos Campos (SP).
“A caixa-preta tem todas as informações, a posição do avião, o contato do piloto desde a torre, as autorizações devidas. Nela estão gravadas todas as informações daquele vôo que estava em operação”, disse Zuanazzi. “São absolutamente importantes no processo investigatório”, acrescentou. Ele confirmou que o equipamento que sinaliza a presença de outra aeronave em rota de colisão, o chamado TCAS, do Legacy, estava funcionando.
“O aparelho estava ligado. No Legacy foi testado antes de sair, foi testado na chegada (na Base Aérea) do Cachimbo e estava funcionando. Segundo informação dos pilotos, estava ligado e funcionando”, disse. (Com Agência Brasil)
DC