sábado, 05/10/2024
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Líder reformista retorna ao Egito para se unir a protestos

O reformista e Nobel da Paz Mohamed ElBaradei voltará ao Egito na noite desta quinta-feira para se unir aos milhares de manifestantes que protestam pela renúncia do presidente Hosni Mubarak, no poder há 30 anos.

ElBaradei pode dar ao protesto um líder e ícone e fortalecer a causa diante da forte repressão das forças de segurança, que teriam prendido mais de mil pessoas segundo as agências de notícias.

O ex-chefe da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) voltará de Viena, na Áustria, segundo seu irmão Alí ElBaradei. Ele não quis dizer se a volta está ligada aos protestos, que entram nesta quinta-feira em seu terceiro dia consecutivo com um saldo de seis mortos.

Mas um porta-voz do reformista, Abdul-Rahman Samir, disse que ElBaradei deve se unir aos protestos planejados para esta sexta-feira, depois das tradicionais orações muçulmanas no país.

Grupos políticos têm usado as redes sociais para convocar um grande protesto na capital egípcia para sexta-feira. A Irmandade Muçulmana, maior e mais bem organizado grupo da oposição, declarou o seu apoio aos protestos. Em um comunicado publicado em seu site, a Irmandade sublinhou a necessidade de que os protestos continuem em paz.

O grupo, contudo, evitou dizer claramente que quer o fim do governo de Mubarak, pedindo novas eleições parlamentares sob vigilância judicial e à introdução de reformas profundas.

ElBaradei é um dos principais críticos do regime de Mubarak. “Se os tunisianos conseguiram, os egípcios deveriam conseguir”, disse ele em entrevista à revista alemã “Der Spiegel”, sobre os protestos populares que derrubaram o governo do ditador Zine el Abidine Ben Ali.

Ele não faz parte de nenhum partido, mas formou o movimento Associação Nacional para a Mudança, que advoga por reformas democráticas e sociais. Ele surgiu como opositor do alto escalão desde que voltou ao país, no ano passado, mas insiste que não vai participar das eleições presidenciais enquanto não houver reformas políticas.

A volta de ElBaradei poderia fornecer uma figura muito necessária em torno da qual os manifestantes se reuniriam, enquanto continuam a pressionar por mudanças, mas alguns lançam dúvidas sobre seu compromisso com a causa nacional. ElBaradei, de acordo com seus detratores, passa muito tempo longe do Egito e pode não ter um profundo conhecimento da vida no país por causa das décadas que viveu no exterior, primeiro como um diplomata egípcio e, posteriormente, com diplomata da agência nuclear da ONU.

PROTESTOS

As manifestações, que começaram na terça-feira (24), denominado Dia da Cólera, respondem a uma convocação que surgiu na internet, coincidindo com a queda do tunisiano Ben Ali no último dia 14.

Os violentos confrontos entre manifestantes e policiais se acirraram nesta quarta-feira no Cairo, no segundo dia de protestos contra Mubarak. De acordo com relato de testemunhas, manifestantes lançam coquetéis molotov contra um prédio do governo egípcio no porto de Suez, provocando um incêndio em um dos setores do edifício.

O grupo opositor egípcio 6 de Abril, um dos principais promotores desses grandes protestos, pediu aos manifestantes que mantenham os protestos até a renúncia de Mubarak. “A quinta-feira não será um dia de férias, as ações nas ruas prosseguirão”.

Os manifestantes interditaram o tráfego de uma das vias principais e as forças de segurança tentaram dispersá-los com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Após o primeiro ataque da polícia, que também usou jatos d”água e perseguiu os manifestantes com cassetetes, muitos correram para se esconder na estação de metrô mais próxima –cujas portas foram danificadas.

Entre os lemas mais pronunciados durante a manifestação desta quarta-feira estão “Fora Hosni Mubarak”, “O povo quer mudança e liberdade” e “Mubarak, você tem um avião esperando”, em alusão ao meio de transporte usado pelo presidente tunisiano para fugir de seu país rumo à Arábia Saudita.

À margem dos distúrbios no Cairo, fontes oficiais apontam que protestos parecidos haviam ocorrido em Alexandria, no norte do Sinai e na província de Al Monufiyah, no delta do rio Nilo.

Nesses dois dias, as forças de segurança prenderam cerca de 500 manifestantes, segundo uma fonte do Ministério do Interior. Mas uma fonte de segurança citada pela agência de notícias Efe fala em ao menos mil detidos.

Os protestos desta semana no Cairo e uma série de cidades de toda essa nação árabe de cerca de 80 milhões de pessoas foram os maiores em décadas e representam um sério desafio ao regime autoritário de Mubarak –enquanto muitos egípcios estão reclamando do aumento dos preços, desemprego e corrupção.

Tensões entre muçulmanos e cristãos estão aprofundando a crise e o silêncio de Mubarak sobre candidatura à reeleição este ano contribuiu para a incerteza.

Mubarak, 82, nunca nomeou um adjunto. Acredita-se que ele prepara seu filho Gamal para sucedê-lo.

Todos os quatro presidentes do Egito, desde o fim da monarquia na década de 1950, foram militares.

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Parmenas Alt
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