Criada em 1998, em uma parceria entre Ministério da Saúde e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Rede Brasileira de Banco de Leite é referência mundial em atendimento. Como estratégia isolada mais eficiente para a prevenção de mortes entre recém-nascidos, o aleitamento materno se tornou uma das políticas públicas mais importantes na área da saúde e levou o País a ser reconhecido internacionalmente por suas iniciativas.
Além de organizar o sistema de coleta e distribuição do produto, o País inovou ao desenvolver tecnologia que permite aproveitar as diferentes características e qualidades do leite materno para tratar crianças prematuras, acelerando o processo de recuperação dos bebês. O procedimento é adotado em toda a estrutura de serviço, que possui 200 bancos de leite e 85 postos de coleta em todo o País.
Através do sistema chamado BLH-Web, é possível cruzar dados de doadoras e analisar as características do leite coletado. Assim, o produto fornecido às crianças é escolhido individualmente, de acordo com os nutrientes existentes e com as necessidades de cada bebê.
Diferentemente de outros países, onde as doações de leite materno são misturadas e padronizadas, a técnica brasileira identifica os produtos que têm mais gordura, acidez, proteína ou cálcio. O método aumenta a qualidade do atendimento neonatal e auxilia o País no cumprimento das Metas do Milênio – compromissos a serem cumpridos pelas nações signatárias para melhorar a qualidade de vida da população.
O coordenador do Centro de Referência Nacional para Bancos de Leite, Franz Reis Novak, explica que a missão da Rede BLH é promover a saúde da mulher e da criança, através de parcerias com órgãos federais, estados, municípios e iniciativa privada. “Atualmente, o impacto da RedeBLH é percebido quando nos certificarmos que 200 unidades são responsáveis pela alimentação de 170 mil recém-nascidos prematuros internados em diversas UTI neonatais. Além disso, ela é capaz de atender cerca de 1,4 milhão de mulheres que estão amamentando”, diz Novak.
O resultado do investimento do Brasil em novas tecnologias e na conscientização sobre a importância do aleitamento materno pode ser visto através dos indicadores da área da saúde. Segundo Censo de 2010, realizado pelo IBGE, a taxa de mortalidade infantil no País caiu de 69,12 para 22,47 óbitos por mil nascidos vivos entre 1980 e 2009. Já a proporção das mortes ocorridas entre o primeiro mês e o primeiro ano de vida caiu de 59,30% para 32,70%, no período. Além de fatores como saneamento básico e acompanhamento médico de gestantes e recém-nascidos, a amamentação dos bebês está entre os processos determinantes para a melhoria dos índices. Em 2010, 119 mil litros de leite foram coletados pelo Banco de Leite Humano em todo território nacional. No sistema estão cadastradas 111 mil doadoras e 109 mil receptores.
Reconhecimento
Desde 1985, os bancos de leite humano integram a política brasileira de saúde pública para reduzir a mortalidade infantil e neonatal. Em 2001, a Rede Brasileira de Banco de Leite Humano foi considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a que mais contribuiu para a redução da mortalidade infantil e promoção do aleitamento materno dentre todos os trabalhos desenvolvidos no mundo, durante a década de 90. A indicação fez do Brasil uma referência em aleitamento materno.
O trabalho desenvolvido serviu de exemplo para a rede Iberoamericana de Bancos de Leite Humano, composta por 22 países. Os mesmos procedimentos são adotados para garantir melhor atendimento a mães em fase de amamentação e crianças, especialmente as que estão abaixo do peso e precisam de cuidados especiais.Para saber mais sobre forma correta de amamentar e como doar, Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno
Fonte:
Fiocruz