quinta-feira, 21/11/2024
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Dez líderes políticos eleitos contam o que esperam do governo Dilma

O G1 conversou nesta segunda (1) com dez líderes políticos eleitos ou reeleitos, da base aliada e de partidos de oposição. Pediu a eles uma avaliação do resultado da eleição, perguntou quais serão os principais desafios e dificuldades da presidente eleita e como deverá ser a relação do futuro governo com a oposição. Confira abaixo as respostas.

“Prevíamos que seria uma eleição difícil em função da grande popularidade do presidente Lula. Ele usou isso a favor da sua candidata e conseguiu transferir votos. Não conseguimos superar essa grande força do presidente na campanha. Aceitamos de forma democrática, vamos respeitar o resultado.”

Tarso Genro (PT)
governador eleito do RS
“É uma vitoria do projeto representado pelo presidente Lula. Eu compartilhei com ela [Dilma] este projeto durante sete anos e houve uma enorme acolhida das camadas populares do país, o que permitiu à maioria da população receber a candidatura dela como representativa deste projeto.”

Jutahy Júnior (PSDB-BA)
deputado federal reeleito
“É a vitória do pragmatismo contra valores imateriais. Temos um sentimento de melhoria da qualidade de vida. O risco de vitórias como essa é que elas são baseadas em resultados concretos. Você não tem uma transformação da sociedade, tem uma constatação. Se houver crise econômica, esse capital político some.”

Tião Viana (PT)
governador eleito do AC
“Este é um momento de reconhecimento do povo brasileiro com a história de Lula, com as mudanças especiais que o Brasil tem passado no governo Lula e uma transferência de confiança para que essa mudança possa ser levada à frente por Dilma.”

Roberto Freire (PPS)
deputado federal eleito
“Terminou eleição, e ela foi vitoriosa. Damos os nossos cumprimentos e vamos cumprir com o que determinou a sociedade. Estaremos na oposição cumprindo aquilo que é constitucional.”

Valdir Raupp (PMDB)
Senador reeleito
“Foi uma vitória interessante. Os avanços que o Brasil teve nos últimos anos prevaleceram na vontade do eleitor que quer ver continuar este trabalho de avanços sociais.”

Rodrigo Maia (DEM)
deputado federal reeleito
“Temos que respeitar. Temos uma diferença menor em relação às eleições de 2002 e 2006, mas infelizmente havia um sentimento da sociedade de manutenção desse ciclo. Na política, esses ciclos geralmente duram oito anos, no máximo, 12 anos.”

Renato Casagrande(PSB)
Governador eleito do ES
“É um fato histórico, a primeira mulher eleita neste país, para ajudar a romper preconceito e mostrar a grandeza da democracia brasileira. É a vitória do presidente Lula mesmo porque vai garantir a continuidade do trabalho dele.”

José Luiz Penna (PV)
deputado federal eleito
“É uma vitória legítima. A gente tem que ver isso como um avanço da democracia. Nós torcemos muito para que houvesse dois turnos. Houve dois turnos, e a sociedade teve mais tempo para discutir.”

Ivan Valente (PSOL)
deputado federal reeleito
“É a vitória do continuísmo do governo atual, embora eu acho que sem a mesma empolgação, a mesma adesão que foi o governo Lula. Por outro lado, a oposição de direita no Brasil fez uma campanha muito ruim porque tentou ganhar rebaixando o debate político mais ainda.”

DESAFIOS E DIFICULDADES DE DILMA

Beto Richa (PSDB)
governador eleito do PR
“Poder garantir os avanços conquistados pelo país e tocar pra frente. Não sabemos como fica a situação da economia mundial porque até então tinham ventos favoráveis, e ela tem que estar preparada para isso. E ter autoridade suficiente para ter uma boa relação com o Congresso.”

Tarso Genro (PT)
governador eleito do RS
“Os principais desafios são políticos. O pacto federativo precisa ser revigorado e não será sem uma reforma política e uma reforma tributária que una a população e acabe com a situação de estados de primeira e de segunda classe.”

Jutahy Júnior (PSDB)
deputado federal eleito

“Você não sustentará esse padrão de consumo com déficit crescente em contas externas, juros mais altos do mundo e real supervalorizado. Essa combinação sempre gerou crises no Brasil. Tem que reduzir o déficit fiscal brasileiro, e isso implica perda de popularidade.”

Tião Viana (PT)
governador eleito do AC
“O Brasil tem enormes desafios. Diminuir as diferenças entre as regiões, a erradicação da miséria e fazer avanços consistentes na educação e na saúde são alguns deles. Quanto a barreiras, acho que a maior é a relação com parte dos meio de comunicação que têm sido muito conservadores, particularmente com o PT.”

Roberto Freire (PPS)
deputado federal eleito
“O que dissemos sobre a sua capacidade permanece. Vamos aguardar. Como eu não quero o pior para o país, espero que ela esteja à altura de ser uma presidente da República.”

Valdir Raupp (PMDB)
Senador reeleito
“O Brasil tem três gargalos na área social: saúde, educação e segurança. Acho que nas áreas de segurança e da saúde é preciso fazer um pacto federativo com estados e municípios para enfrentar estes problemas.”

Rodrigo Maia (DEM)
deputado federal reeleito
“Tem questões emergenciais como o novo marco regulatório do petróleo e a economia com o câmbio brasileiro chegando num patamar e inviabilizando a indústria brasileira. (…) O grande desafio dela vai ser, com perfil diferente do presidente Lula e com popularidade inicial menor, conseguir colocar seu próprio estilo e mostrar à sociedade que é um governo de continuidade.”

Renato Casagrande(PSB)
governador eleito do ES
“Vai ter que ter capacidade de se assessorar e se cercar de pessoas com capacidade de diálogo. (…) O Lula, com sua força e carisma, conseguia segurar os defeitos de seu governo. Ela ainda não tem a força política do presidente. Terá que ser mais eficiente do que ele para enfrentar grandes dificuldades. (…).”

José Luiz Penna (PV)
deputado federal eleito
“Os grandes desafios são as reformas. Este adiamento constante, entra governo e sai governo, vai levando o país a uma situação em que todos sabemos que precisamos fazer as reforma política, fiscal e outras e elas não acontecem. É preciso encarar isso.”

Ivan Valente (PSOL)
deputado federal reeleito
“A dificuldade maior se situa na questão que é a de administrar este condomínio de partidos políticos acostumados ao fisiologismo, ao clientelismo, ao uso da máquina que pode levar a exigências descabidas e denúncias de corrupção.”

RELAÇÃO ENTRE GOVERNO E OPOSIÇÃO

Beto Richa (PSDB)
governador eleito do PR “Cabe ao PSDB de cumprir seu papel de oposição responsável e não sistemática do “quanto pior melhor”. (…) Espero que possamos ter uma relação republicana. Não vejo dificuldade [no diálogo], já que a presidente estendeu a mão, de fazer um trabalho de oposição respeitoso, apontando erros e indicando caminhos.”

Tarso Genro (PT)
governador eleito do RS
“A derrota do Serra e o esvaziamento da parte mais radical do DEM possibilita a abertura de uma negociação de alto nível com setores do PSDB, a meu ver liderados pelo senador Aécio Neves, e com parlamentares representativos para os quais interessa reforçar a democracia. A fase de radicalidade da disputa política já passou.”

Jutahy Júnior (PSDB)
deputado federal reeleito
“Cabe à oposição cumprir seu papel de fiscalizar e cobrar as promessas que foram apresentadas na campanha. (…) Acho que tem que ter um relacionamento na oposição. O diálogo se dá dentro no Parlamento, através das lideranças do governo e da minoria.”

Tião Viana (PT)
governador eleito do AC
“A oposição vai precisar tomar atitudes porque vai precisar se reciclar. A oposição viveu oito anos do governo Lula com raiva e não em um comportamento à altura dos valores democráticos. Por isso, com certeza haverá mais diálogo agora.”

Roberto Freire (PPS)
deputado federal eleito
“O diálogo já é normal na democracia, não tem [diálogo] maior nem menor. Uma coisa que tem que ficar bem clara é que, na democracia, um tinha que ser vitorioso. O outro vai cumprir seu papel, tão importante quanto o do governo, que é fazer oposição.”

Valdir Raupp (PMDB)
senador reeleito
“Acredito que haverá mais diálogo. Neste governo que está terminando a oposição foi mais forte do que a que vai entrar agora, tinha uma representatividade maior. Não creio que agora a oposição seja mais dura do que foi no governo Lula.”

Rodrigo Maia (DEM)
deputado federal reeleito
“Estamos à disposição para discutir os projetos e vamos votar a favor do que o partido entender ser positivo para o país. Esse é o nosso limite. Acho que nem ela nem o Democratas têm interesse que a relação passe dessa linha. (…) A oposição tem que ter liberdade para criticar e fiscalizar o governo.”

Renato Casagrande
governador eleito do ES
“Num primeiro momento do governo, a oposição é mais sensível ao diálogo. E um dos líderes da oposição, o Aécio Neves, é uma pessoa de diálogo. [Dilma] Deve aproveitar esse primeiro momento se quiser fazer mudanças mais profundas e estruturantes.”

José Luiz Penna (PV)
deputado federal eleito
“Acho que a Dilma vai ter que dialogar. A maioria dos governadores é de oposição. O Congresso tem maioria governista, mas não é uma maioria muito confortável, o que é bom, porque vai ter que abrir um processo de negociação em alto nível.”

Ivan Valente (PSOL)
deputado federal reeleito

“Tem dois tipos de oposição a este governo. O nosso vai ser de uma oposição programática, de esquerda, ideológica, enquanto que a coligação que concorreu à Presidência, de PSDB, DEM e PPS, fará uma oposição mais conservadora, como mostraram na campanha.”

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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