No Nordeste, 10% dos eleitores declaram que votariam em político acusado de corrupção – índice próximo do Norte/Centro-Oeste, que é de 9%. No Sul e no Sudeste, esses índices são de 6% e 7%, respectivamente.
A pesquisa Estado/Ibope revelou que, entre os eleitores do candidato Geraldo Alckmin (PSDB), 93% declaram que jamais votariam num candidato corrupto e só 4% admitem votar; mas entre os eleitores do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 80% deixariam de votar num corrupto, enquanto 11% afirmam que votariam. São indicadores que ajudam a entender a estratégia de Lula de minimizar os escândalos que atingiram seu governo, seu partido e sua campanha,como fez ontem em Sorocaba (SP). Os dados mostram que seu eleitor tende a ser mais tolerante com a corrupção na política.
Prática Antiga
Não é de hoje que Lula carrega esse contingente de “tolerantes éticos” em sua caravana eleitoral. Entre os que disseram ter votado nele no segundo turno das eleições de 2002, 10% admitem votar em candidato corrupto, enquanto dos eleitores que votaram em José Serra (PSDB), há um bloco mais inflexível com a ética – só 4% admitem votar em corruptos.
Entre os eleitores de Serra no segundo turno de 2002, 92% afirmam que nunca votariam em candidatos corruptos – porcentual próximo dos 93% entre eleitores de Alckmin; mas entre os eleitores de Lula no segundo turno de 2002, 83% dizem que não votariam em corruptos – índice semelhante aos 80% do eleitor petista hoje.
No Nordeste e no Norte/Centro-Oeste, apenas 83% dos eleitores asseguram que não votariam num possível corrupto; mas esse porcentual sobe para 87% no Sudeste e 92% no Sul. A par de explicações de fundamento religioso ou moral, foi nas duas regiões onde há mais tolerância com a corrupção – o Nordeste e o Norte/Centro-Oeste – que Lula menos perdeu intenção de votos, tanto por ocasião do escândalo do mensalão quanto, agora, com as repercussões do dossiê Vedoin.
Mais e Menos Ética
As diferenças detectadas pela pesquisa mostram interpretações diversas para uma mesma realidade política, variando com idade, renda e escolaridade. Os que estudaram da 5ª até a 8ª séries do ensino básico são mais flexíveis – 11% admitem que votariam num candidato corrupto; os que têm ensino médio e superior são bem mais exigentes e só 7% deles votariam num corrupto. Os mais jovens são mais pragmáticos: entre eleitores de 16 a 24 anos, 10% admitem votar em corruptos. Mas à medida que a idade chega, a cobrança moral é maior: entre os que têm entre 25 e 29 anos, só 7% votariam em corruptos e no grupo de mais de 50 anos, só 6%.
No interior estão os que se dizem mais severos: fora das capitais, só 7% votariam em candidatos acusados de corrupção; nas periferias das grandes cidades a exigência é bem menor e 10% admitem que votariam em corruptos. Nas cidades até 20 mil habitantes e nas cidades de 20 mil a 100 mil, o rigor é maior: nas primeiras, só 6% votariam em corruptos e nas segundas, 7%; mas nas cidades grandes, a complacência aumenta e 9% admitem votar em acusados de corrupção.
Os que se autodeclaram brancos são mais implacáveis com a ética: 88% não votariam num corrupto; os que se autodeclaram pardos cobram menos e 85% não votariam em indiciados por corrupção; mas os que se autodeclaram pretos são os menos rígidos com a ética: só 82% negam o voto a corruptos.
Os que avaliam bem o governo Lula são mais indulgentes: no grupamento dos que consideram a gestão ótima ou boa, 11% dizem que votariam em corruptos; e os que avaliam mal o governo (ruim+péssimo) são mais austeros: só 4% admitem votar em políticos envolvidos em atos de corrupção.
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