Foi impossível conter a emoção diante de homens e mulheres que tentam nesta quinta-feira (12.08) avaliar o que sobrou da tragédia do incêndio que destruiu 80% do parque industrial de Marcelândia (710 km ao Norte de Cuiabá) e deixou 56 famílias desabrigadas. “É muito doído ver pessoas que chegaram aqui com sonhos, construíram uma vida e hoje perderam tudo. Jamais eu poderia deixar de vir aqui, virar as costas num momento como este, é minha responsabilidade”, destacou emocionado o chefe do Executivo.
O governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, deixou a Capital à tarde e esteve na cidade para dar apoio, ver de perto o tamanho do estrago provocado pelo fogo e levar as ações emergenciais que serão desencadeadas pelo Estado. Moradores, empresários e políticos lotaram a sede da Associação dos Amigos e também de forma emocionada mostraram em números uma parte do prejuízo, que ultrapassa a casa dos R$ 10 milhões. Mas apesar de perder cifras milionárias, a grande preocupação dos empresários neste momento é com as pessoas (funcionários das empresas) que perderam a casa e viram o fogo consumir tudo aquilo que conseguiram conquistar, inclusive em alguns casos nem mesmo documentos pessoais sobraram.
Após percorrer os destroços e amontoados de cinzas e fumaça, o governador anunciou que o Governo do Estado vai buscar parcerias para construir um conjunto habitacional emergencial, vai enviar quatro médicos do corpo da Polícia Militar para apoiar no atendimento às pessoas atingidas. Cerca de 300 pessoas buscaram o hospital municipal, na maioria dos casos em decorrência de dificuldades respiratórias. “Tudo o que for possível o governo vai fazer. Vamos olhar com atenção para Marcelândia, será uma prioridade”, argumentou.
Mas os empresários, como é o caso de Valdir Sechin, proprietário da Fábrica de Portas e Janelas Santa Fé, esperam que o Governo possa contribuir com uma linha de financiamento para recomeçar. Valdir, que veio do Paraná há 15 anos, perdeu tudo, um patrimônio de aproximadamente R$ 400 mil reais. Ao lado do filho, o empresário conta que viveu momentos de horror ao ter que optar por salvar a sua casa. “É uma sensação de limite da morte, tinha momentos que achava que ia desistir, mas vinha uma força sobrenatural para lutar e salvar a casa e consegui, mas o resto queimou tudo, a fábrica, as casas dos funcionários”, desabafou.
O governo se comprometeu a conseguir linhas de financiamento para buscar uma saída para tirar a cidade do caos. “Tenho esperança que isso dê certo para começar do zero, porque senão vou ter que ir embora”, disse.
Para o atual governador o drama vivido em Marcelândia é mais que uma obrigação como gestor estadual, ele tem laços com essa região, pois foi morador de Marcelândia e construiu sua vida como muitos desses que hoje perderam tudo.
Marcelândia com 14 mil habitantes tem na atividade madeireira a principal fonte econômica. O governador anunciou que uma equipe da Defesa Civil, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e Corpo de Bombeiros estará na cidade nos próximos dias para acompanhar o desenrolar dessa situação. “O Governo tem a obrigação e o compromisso de estar presente e fazer um levantamento minucioso para ajudar no combate ao fogo e na reestruturação dessa cidade”, concluiu.
Acompanharam o chefe do Estado, os secretários de Estado Alexander Torres Maia (Meio Ambiente), Onofre Ribeiro (Comunicação Social), secretário-chefe da Casa Militar, coronel Antonio de Moraes, o comandente do Corpo de Bombeiros, coronel Alexandre Coronel, além de deputados federal e estadual.
SECOM-MT