As Forças Armadas da Venezuela declararam nesta sexta-feira (23) seu apoio ao presidente Hugo Chávez, que na véspera anunciou o rompimento das relações diplomáticas com a Colômbia, e asseguraram estar prontas para cumprir as ordens.
As declarações foram feitas pelo ministro da Defesa, o general Carlos Mata, na TV oficial.
Ele desmentiu as declarações do embaixador da Colômbia na OEA, Luis Hoyos, de que pelo menos 1.500 guerrilheiros colombianos estariam abrigados em território venezuelano, próximo à fronteira entre os dois países.
acusação foi o motivo que levou Chávez a romper com o país vizinho na véspera.
A Colômbia solicitou, na OEA (Organização dos Estados Americanos), a formação de uma comissão internacional para verificar o caso.
“Não temos outra escolha senão, pela nossa dignidade, cortar totalmente nossas relações com a nação irmã da Colômbia”, disse ao vivo na TV estatal, durante entrevista ao lado do craque argentino Maradona, que visita o país e depois declarou apoio à medida de Chávez.
Ele afirmou que as acusações da Colômbia eram uma “agressão” inspirada pelos Estados Unidos e afirmou que estava ordenando “um alerta máximo” ao longo da fronteira de seu país com sua vizinha andina.
“(O presidente da Colômbia, Álvaro) Uribe é um doente e está cheio de ódio. Alerto à comunidade internacional que nós não aceitaremos nenhum tipo de agressão nem de violações à nossa soberania … eu teria que ir chorando para uma guerra na Colômbia, mas teria que ir”, alertou.
Diplomatas
Pouco depois, o ministro de Relações Exteriores venezuelano, Nicolás Maduro, deu 72 horas a diplomatas colombianos para abandonarem o país.
Ele também disse que o governo ordenou o fechamento de sua embaixada na Colômbia e o retorno imediato de seus funcionários ao país.
OEA
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, pediu aos dois países que “acalmem os espíritos”. Ele disse que Bogotá e Caracas podem superar mais uma crise e ofereceu os serviços da sua organização para as negociações.
Após o anúncio de Chávez, Hoyos, representante colombiano na OEA, qualificou de “errônea” a decisão e partiu para a ironia.
“A Venezuela deveria “romper relações com os grupos criminosos”, disse Hoyos.
O embaixador colombiano lamentou que o país “prefira aderir ao expediente de insultar, romper ligações com um governo constituído”.
Já o vice-presidente eleito da Colômbia, Angelino Garzón, assegurou que Santos fará todo o possível para restabelecer as relações diplomáticas com a Venezuela.
Apesar da mobilização de tropas venezuelanas na fronteira, a Colômbia descartou que vá tomar medidas semelhantes.
Relações tensas
As relações entre Chávez e o governo conservador de Álvaro Uribe deterioraram nos últimos dois anos.
As últimas acusações colombianas dificultaram ainda mais as relações já prejudicadas em um acordo de 2009 que permitiu que as forças norte-americanas usem as bases militares colombianas (veja gráfico abaixo) para operações antidrogas.
Chávez afirma que o acordo militar ameaça seu país e poderia ser o precursor de uma invasão norte-americana.
A Colômbia é o principal aliado militar dos EUA na América do Sul e recebeu bilhões de dólares em assistência dos EUA para combater os rebeldes, financiados em boa parte pelo tráfico de cocaína.
G1