Um levantamento realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e divulgado em Santiago, no Chile, mostra que 72,7% dos cidadãos brasileiros se opõem à legalização do aborto. Cerca de 1,2 mil pessoas foram ouvidas.
A pesquisa foi feita também em outros quatro países da América Latina e todos tiveram maioria contra a descriminalização do aborto. São eles: Nicarágua (81,6%), México (70,8%) e Chile (66,2%).
No entanto, grande parte dos entrevistados concorda que as leis devem ser revistas: 94,4% no Chile, 94,2% na Nicarágua, 87,8% no Brasil e 82,8% no México.
Mortes de mães
No Brasil, todos os anos, o ministério da saúde estima que entre 729 mil e 1,25 milhão de mulheres se submetam ao procedimento no País. Destas, pelo menos 250 morrem, consideram organizações. Se a análise for feita em escala mundial, o obstetra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Osmar Ribeiro Colas explica que são cerca de 500 mortes diárias por causa de abortos. “Quando cai um avião ficamos chocados, mas há dois Boiengs de mulheres caindo por dia e ninguém fala nada”, lamenta.
Mesmo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão já tendo declaro que a questão é de saúde pública e não criminal, a discussão da prática no País, encontra grandes entraves nos aspectos morais e religiosos. A Igreja Católica condena os abortos inclusive nos casos previstos em lei, como estupro e risco de morte da mãe, e o classifica como “desculpa para matar”. “Não podemos apoiar o uso da saúde pública como argumento para promover o aborto e desconstruir famílias”, disse ao iG o bispo Antonio Augusto Dias Duarte, da Comissão de Vida e Família da Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB).
Agência Estado/U.Seg