Já está dando o que falar o jingle dos 45 anos da Rede Globo, que segundo a
campanha da Dilma Rousseff (PT), faz alusão a candidatura do Serra (PSDB),
por dois motivos: A frase “todos queremos mais”, que segundo a equipe de
campanha da petista pode remeter ao slogan do candidato tucano que diz “o
Brasil pode mais” e o gritante número 45 que faz referência aos anos da
emissora e coincidentemente é o número do PSDB.
A Globo já tirou o filme do ar e o vídeo já ganhou vida própria na internet
e passa a ser visto com olhares direcionados.
Caso passou longe do pensamento de seus autores atrelar as imagens, agora
elas estão vinculadas e veiculadas.
A reclamação da equipe da Dilma contribuiu para que mesmo os olhares mais
inocentes, desprovidos da malícia semiótica, passassem a perceber a tal
“campanha implícita”, que graças à queixa dos companheiros agora está
explicita.
Como diz o ditado: “tudo que é proibido é mais gostoso”, o jingle já virou
febre na internet e ganhou os portais de notícias, talvez fosse melhor tê-lo
ignorado, pois as conseqüências em pedir sua retirada sem dúvida dá uma
repercussão ainda maior, como foi o caso do comercial da cerveja Devassa,
protagonizado pela socialite Paris Hilton, o comercial que passava
desapercebido na televisão ganhou olhares críticos na internet após ser
censurado na tevê.
Certamente, assim como diz a nota de esclarecimento da emissora, o vídeo dos
45 anos realmente pode ter sido feito antes de qualquer slogan político,
tendo em vista o trabalho minucioso para haver tamanha perfeição, como exige
o padrão de qualidade da emissora, mas como foi veiculado somente agora e
com a rigorosidade que a Globo tem com seus produtos, fica difícil
compreender como ninguém teve essa leitura subliminar antes de levar o vídeo
ao ar.
Será que foi mesmo uma “comemoração” de duplo sentido? Ou será que a equipe
da Dilma está procurando pêlo em Globo?
Laércio Guidio – Jornalista, com extensão universitária em Fundamentos Semióticos e metodológicos para o ensino de textos.