Além do cancelamento de vôos em território nacional, a crise da Varig atinge também os vôos internacionais. Apenas no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, o número de vôos para o exterior cancelados chega a 20. Com exceção dos vôos com destino a Madri, na Espanha, e Londres, na Inglaterra, previstos para esta noite, todos os trajetos internacionais foram cancelados.
Por conta dos problemas, durante a tarde desta terça, passageiros que à noite tomariam o vôo com destino a Londres – previsto para sair com duas horas de atraso – tentavam embarcar no vôo com o mesmo destino da British Airways. No total, somando-se com os vôos em território nacional, os cancelamentos chegam a 58 até o início da tarde. A Infraero e a Varig não comentam os cancelamentos.
A alegação para os cancelamentos, extra-oficialmente, é a falta de combustível e outros entraves burocráticos. Outro motivo seria o fato de que a empresa teve que tirar de circulação 11 aeronaves que pertencem à Internacional Lease Finance Corporation (ILFC). Na última segunda-feira, a ILFC ameaçou que pediria medidas extraordinárias da Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York para que a Varig cumprisse a ordem de devolução das aeronaves.
Entre as medidas classificadas como extraordinárias que a ILFC iria sugerir ao juiz Robert Drain, na audiência desta semana, estariam desde multa até pedido de prisão para os representantes da Varig nos Estado Unidos por “violação às ordens” determinadas pela Corte norte-americana.
Situação do consumidor
A Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-SP) reiterou hoje os direitos do consumidor na crise da Varig. A companhia aérea, que passa por um processo de recuperação judicial, vem cancelando vôos desde o dia 9 de junho. O Procon-SP afirma que os consumidores que possuem passagens e milhagens têm direitos, e ressaltou que continua “acompanhando atentamente a situação”. Segundo explicou o órgão, “as milhagens caracterizam-se pelo pagamento antecipado por uma prestação de serviço”, e portanto, trata-se de um direito do consumidor que pagou para obtê-las.
O Procon e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) reúnem-se amanhã para discutir os novos posicionamentos a respeito da situação da Varig e as garantias dos clientes que são prejudicados. A crise financeira enfrentada pela empresa atinge diretamente a população. Prova disso é a eficiência operacional da companhia no cenário nacional, que caiu de 82% em janeiro para 55% em maio, segundo a Anac.
O órgão de defesa do consumidor recomenda aos consumidores que possuem pontos acumulados em milhagens “que imprimam e guardem os seus extratos de pontuação, assim como os e-tickets e as passagens”. Conforme informou o órgão, “essa documentação seria imprescindível no caso de uma eventual ação judicial contra a empresa”.