O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, elogiou nesta sexta-feira o comparecimento em massa nas manifestações organizadas ontem pelo governo para marcar a Revolução Islâmica de 1979, e alertou o Ocidente para “deixar de colocar obstáculos” ao seu país.
De acordo com a TV estatal, Khamenei agradeceu aos “milhões” que foram às ruas em todo o país para marcar o aniversário, dizendo que a mobilização mostra a força do povo iraniano.
Khamenei disse que os atos de ontem foram um alerta para os “inimigos domésticos e grupos que dizem representar o povo”. Ele fez ainda um alerta aos países do Ocidente, dizendo que é hora de “os inimigos estrangeiros abandonar seus esforços inúteis para subjugar o Irã”.
“Os últimos 31 anos não são suficientes para convencer alguns poucos e arrogantes Estados a deixar seus esforços inúteis de dominar essa nação islâmica”, disse Khamenei no discurso.
Durante as celebrações desta quinta-feira, forças de segurança reprimiram protestos anti-governo em Teerã. Policiais entraram em confronto com ativistas da oposição, lançando bombas de gás lacrimogêneo para dispersá-los e detendo centenas deles.
Grupos radicais e agentes de segurança impediram que o líder da oposição Mir Hossein Mousavi e sua mulher, Zahra Rahnavard, participassem de um ato contra o governo.
Radicais também atacaram o carro de outro líder oposicionista, Mahdi Karroubi, quebrando as janelas do veículo.
No entanto, as manifestações foram bem menos violentas que as ocorridas no Irã em dezembro passado, quando oito morreram e centenas foram detidos em todo o país..
Autoridades também reduziram o acesso à internet e o uso de telefones celulares para atrapalhar a mobilização dos opositores. Em Teerã, a velocidade da internet foi drasticamente reduzida nesta quinta-feira, e vários serviços de e-mail, como o Gmail, estavam bloqueados.
Três redes internacionais de informação — BBC, Deutsche Welle e Voice of America– acusaram o Irã nesta quinta-feira de “interferir eletronicamente de maneira deliberada” em suas transmissões.
Nuclear
Em discurso televisionado sobre as manifestações, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, desafiou o Ocidente e disse que o Irã “se tornou um Estado nuclear”.
Ele rejeitou as novas sanções que podem ser impostas contra seu país, e criticou o presidente americano, Barack Obama, dizendo que ele “desperdiça oportunidades”.
“Obama desespera todo o mundo. Infelizmente, desperdiça oportunidades, não atua corretamente e segue um caminho contrário a seus próprios interesses e aos do povo americano, mas serve à vontade dos sionistas [termo com o qual se refere aos israelenses]”, disse Ahmadinejad no discurso para centenas de milhares em uma praça em Teerã.
O líder iraniano disse ainda que o Irã já produziu urânio enriquecido a 20% para suprir a energia do gerador de pesquisas científicas do Irã, sem revelar a quantidade de urânio.
A substância é um dos pontos mais controversos do programa nuclear iraniano. Uma resolução da ONU que propõe que Teerã envie urânio para ser enriquecido no exterior. No entanto, o governo do Irã impõe obstáculos ao plano, fazendo várias exigências.
O anúncio de que o Irã já produz urânio altamente enriquecido faz crescer o temor de que o país tenha a intenção de produzir bombas nucleares –embora seja necessário enriquecer urânio a 90% para desenvolver tais armas.
O Irã nega as acusações, dizendo que seu programa tem fins pacíficos e pretende apenas produzir energia.
com agências internacionais
FolhaOnline