sexta-feira, 22/11/2024
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Japão comemora nascimento de herdeiro do Trono Imperial

As atenções do país se voltaram na manhã de hoje para o hospital Aiiku, onde centenas de pessoas, entre jornalistas e curiosos, queriam assistir de perto a um importante capítulo da História japonesa.

Às 8h27 (20h27 de terça-feira, em Brasília), o hospital deu a notícia mais esperada há sete meses ao anunciar que o Japão tinha um novo principezinho, garantindo assim a perpetuação da dinastia.

“Banzai! Banzai!” (“Vitória! Vitória!”), gritavam grupos de japoneses, agitando bandeiras do país em frente ao Palácio Imperial, festejando o nascimento do primeiro menino da princesa Kiko e do príncipe Akishino, o segundo filho do imperador Akihito e da imperatriz Michiko.

“Não houve nada inesperado (durante os 45 minutos da cesárea a que Kiko foi submetida). O príncipe está bem, assim como sua mãe, a princesa”, disse em entrevista coletiva o supervisor médico da Casa Imperial, Ichiro Kanazawa.

O médico encarregado de trazer o pequeno príncipe ao mundo, Masao Nakabayashi, obstetra e diretor do hospital Aiiku, informou que o recém-nascido tem 2,558 kg e 48,8 centímetros.

É o terceiro filho de Akishino, de 40 anos, e Kiko, de 39, casados desde 1990 e pais de duas meninas, as princesas Mako e Kako, de 14 e 11 anos, respectivamente.

Este é o primeiro homem a nascer na família imperial em quase 41 anos e, pela lei patrilinear japonesa, é o terceiro na linha de sucessão do seu avô Akihito, de 71 anos, depois do seu tio, o príncipe herdeiro Naruhito, de 46 anos, e seu pai, Akishino.

O príncipe herdeiro Naruhito, de 46 anos, e sua esposa, a princesa Masako, de 42 anos, têm apenas uma filha, Aiko, de 4 anos.

A Lei de Sucessão Imperial estabelece que os sucessores da Monarquia hereditária mais antiga do planeta devem ser descendentes homens por linha direta do imperador.

Antes do anúncio da gravidez da princesa Kiko, em janeiro, a reforma da Lei de Sucessão para possibilitar a ascensão de uma menina ao trono estava na pauta do governo.

Assim, o nascimento de hoje pode esfriar a polêmica sobre a ascensão ao Trono do Crisântemo.

Em novembro passado, um comitê governamental recomendou uma mudança na Lei de Sucessão para garantir que o primogênito dos príncipes herdeiros possa se transformar em monarca independentemente do sexo.

O primeiro-ministro, Junichiro Koizumi, se comprometeu a levar a mudança na lei para avaliação do Parlamento, onde a aprovação da reforma teria permitido que Aiko pudesse ser a primeira imperatriz do Japão desde o século XVIII, quando a princesa Go Sakuramachi assumiu a monarquia.

No entanto, a gravidez de Kiko (anunciada oficialmente em fevereiro) deu aos grupos mais conservadores da Administração Koizumi o instrumento ideal para deter os planos de reforma e apostar em uma nova oportunidade de manter a sucessão entre os homens.

Hoje, as camadas mais tradicionalistas do Partido Liberal-Democrata (PLD) expressaram alívio diante do nascimento da criança, encerrando o debate para mudar a lei japonesa, ao menos por enquanto.

O próprio Koizumi, que deixará o poder nos próximos dias, afirmou horas depois do parto que em 2007 não será apresentada nenhuma emenda perante o Parlamento para mudar a Lei de Sucessão Imperial.

No entanto, o primeiro-ministro afirmou que o núcleo da crise permanecerá sem solução até que se permita a ascensão das mulheres e de seus descendentes ao Trono do Crisântemo.

O porta-voz do Governo, Shinzo Abe, que em duas semanas deve se tornar o sucessor de Koizumi à frente do PLD e do Governo, recomendou “calma” e “cuidado” na hora de retomar a discussão sobre a reforma.

Assim, a classe política parece fazer vista grossa aos clamores de uma sociedade mais moderna que seus governantes. Segundo as pesquisas realizadas logo após o anúncio da gravidez de Kiko, 64,1% dos japoneses são a favor da ascensão de mulheres e seus descendentes ao trono.

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Parmenas Alt
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