O jornal japonês “Yomiuri” revelou hoje a existência de um acordo secreto entre Estados Unidos e Japão para que o Exército americano pudesse transferir armas nucleares ao país asiático, algo que o Governo japonês estava investigando.
O documento foi assinado entre o então presidente americano, Richard Nixon, e o primeiro-ministro japonês, Eisaku Sato, em 1969 e permitia a entrada de armamento nuclear em caso de emergência em território japonês, algo que tinha sido classificado como altamente secreto.
Esta questão é especialmente controvertida no arquipélago japonês, o único país que sofreu ataques atômicos e que mantém os princípios de não possuir, produzir nem permitir armas atômicas em seu território.
Segundo o Yomiuri, o acordo foi selado como condição para a devolução do arquipélago de Okinawa por parte dos Estados Unidos ao Japão em maio de 1972.
O documento estava em posse da família de Sato, primeiro-ministro do Japão entre 1964 e 1972, e consta de duas páginas em inglês.
“Em caso de grande emergência o Governo dos Estados Unidos requereria a re-entrada de armas nucleares e direitos de passagem em Okinawa (sul do país) após consultar previamente o Governo do Japão”, assinala o texto assinado por ambos os líderes.
Do mesmo modo, o acordo estabelece que os EUA requereriam o controle e ativação “em tempo de grande emergência” das quatro localizações nas quais se pode armazenar armamento nuclear em Okinawa.
Após a renúncia de Sato em julho de 1972, o documento permaneceu em seu poder e foi custodiado pela família após sua morte em 1975.
O surgimento deste documento, transcrito integralmente pelo “Yomiuri”, dá uma volta inesperada nas investigações iniciadas pelo novo Governo de Yukio Hatoyama para revelar a existência destes pactos secretos.
O Partido Democrático (PD), que pôs fim em setembro a mais de meio século de Governo do Partido Liberal Democrático (PLD), quer revelar os supostos pactos secretos feitos com os EUA durante a Guerra Fria.
Uma série de documentos desclassificados americanos e testemunhos de supostos envolvidos apontam para que há pelo menos quatro pactos não declarados, guardados durante as décadas de 1960 e 1970, que dariam aos EUA privilégios como a passagem de seus navios e aviões com armas nucleares pelo Japão.
U.Seg