O Irã entregou nesta quarta-feira aos representantes das grandes potências encarregadas de discutir seu controverso programa nuclear o novo pacote de propostas para retomar as negociações envolvendo a questão. A nova proposta chega em um momento no qual as potências ocidentais –lideradas pelos Estados Unidos– renovam a pressão para que Teerã interrompa de vez seu programa nuclear.
O Ocidente afirma que o programa tem como objetivo a produção de armas nucleares, acusação que Teerã nega.
O ministro das Relações Exteriores, Manuchehr Mottaki, entregou aos ministros da Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha, assim como à embaixadora da Suíça, que representa os interesses americanos no Irã, um exemplar das propostas iranianas durante uma breve cerimônia organizada na chancelaria.
Nesta terça-feira (8), Mottaki anunciou que as propostas haviam sido atualizadas, levando em consideração os processos desenvolvidos no mundo. Ele disse ainda que o conjunto de propostas permitirá criar “uma nova oportunidade para discussões na perspectiva de uma cooperação mútua”.
Críticos questionam se haverá efetivamente novidade na proposta iraniana já que o presidente Mahmoud Ahmadinejad rejeitou na segunda-feira (7) negociação sobre as questões centrais do debate e minimizou possíveis sanções contra o país.
Ahmadinejad afirmou que o Irã está propondo negociações sobre uma série de “desafios globais”, mas o único tema nuclear que está disposto a negociar é um mecanismo para garantir o uso global de energia nuclear pacífica, promover o desarmamento e acabar com a proliferação nuclear.
Denúncia
Horas antes de o Irã apresentar sua proposta, os EUA denunciaram em Viena perante a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que o regime iraniano não abandonou a opção militar e que está “perto” de conseguir armas atômicas.
“Temos uma séria preocupação de que o Irã esteja tentando deliberadamente manter aberta a opção de uma arma nuclear”, disse Glyn Davies, novo embaixador americano na AIEA.
Reino Unido, França e Alemanha qualificaram de “imperdoável” que o Irã ainda negue à comunidade internacional a transparência e cooperação necessárias para esclarecer as possíveis dimensões militares de seu programa nuclear.
A AIEA emitiu dias atrás um relatório no qual assegurou que o regime iraniano reduziu a quantidade de enriquecimento de urânio pela primeira vez em anos, mas advertiu que ainda não foram esclarecidas algumas dúvidas em torno de suas metas nucleares.
Pressão
O presidente Barack Obama e aliados europeus deram prazo até este mês para que Irã retome os esforços de diálogo sobre a desnuclearização em troca de incentivos comerciais. Caso não suspenda a produção de urânio enriquecido, Teerã pode sofrer mais sanções.
A Casa Branca reforçou nesta quarta-feira o pedido para que o Irã abandone seu programa nuclear “ilegal” e assuma suas responsabilidades.
“Está não é apenas a opinião de um país, é a opinião de todo o mundo”, disse Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca, a bordo do avião presidencial Air Force One, em rota para Nova York, onde Obama participará de uma homenagem ao jornalista Walter Cronkite.
F.Online