O torcedor que bater o olho no meio do gramado do Morumbi antes de o clássico entre São Paulo e Palmeiras, no domingo, começar, vai perceber o quão forte será a influência de Muricy Ramalho no confronto.
A atenção destinada pelo ex-treinador são-paulino aos volantes, hábito que migrou junto com ele ao Parque Antarctica, resultará em um duelo recheado de jogadores dessa posição.
Serão seis volantes, sendo três para cada lado, lutando pelo domínio do território mais povoado do Choque-Rei.
No líder do Brasileiro, Pierre, Edmilson e Souza deverão formar o trio de confiança do técnico tricampeão nacional. Na última vez em que atuaram juntos, o time venceu o Fluminense (1 a 0), em 29 de julho.
Depois, uma contratura muscular tirou Edmilson da equipe. Na última rodada, quando o Palmeiras bateu o Internacional por 2 a 1, ele voltou. Dessa vez, porém, era Pierre, suspenso, quem estava fora.
Já no conjunto que se encontra quatro pontos atrás na classificação (36 a 40), nem o novo treinador, Ricardo Gomes, conseguiu romper a tradição deixada por seu antecessor.
O São Paulo iniciou a arrancada que o levou da zona intermediária para o G4, o grupo dos classificados à próxima Libertadores, quando seus volantes voltaram a render como antes.
Richarlyson e Hernanes tomaram conta do setor do qual Muricy cuidou durante sua passagem pelo Morumbi.
Ricardo Gomes repete até a improvisação adotada por Muricy, ao optar por um volante na ala direita. A diferença é que, em vez de Zé Luís (atualmente na reserva), o curinga é Jean.
“Vai ser um jogo muito truncado, com muita marcação e pegada. A força física vai ser muito importante, e temos que estar preparados”, disse Jean.
A acirrada briga pela área nobre do campo já começa a render uma rivalidade especial.
Extremamente tímido em suas respostas, Souza se soltou ontem apenas quando foi questionado sobre qual volante do arquirrival ele mais admirava.
“Do São Paulo? O Pierre [risos]. O São Paulo tem uns caras muito bons por ali, mas os volantes do Palmeiras são melhores”, afirmou o jogador.
Mais político nas palavras, até pelo fato de já ter jogado no outro lado, Edmilson, 12 anos mais experiente do que Souza, preferiu não apontar favoritos.
“O São Paulo não estará fora [da disputa pelo título] se não vencer o clássico. Ainda é o começo do segundo turno e muita coisa pode acontecer”, falou ele, campeão na Copa de 2002.