Vestindo um terno e sempre de óculos escuros, ele afastou como “falsas” e “maliciosas” as 11 acusações da promotoria de crimes no conflito de Serra Leoa, entre elas: terrorismo, estupro, assassinato e tortura.
Taylor, de 61 anos, é o primeiro ex-chefe de Estado africano a ser julgado pela corte internacional e está sendo responsabilizado por armar e organizar grupos rebeldes da Libéria para tentar controlar minas de diamante do país vizinho.
“É bem incrível que tais descrições sobre a minha pessoa tenham surgido”, disse o ex-presidente, em resposta a uma pergunta da defesa sobre as acusações de assassinato e tortura.
“Amor pela Humanidade”
Taylor, que deve voltar a depor várias vezes nas próximas semanas, disse ainda que tais acusações foram associadas a ele por causa de “desinformação, falta de informação, mentiras e rumores”.
“Sou pai de 14 filhos, tenho netos, amor pela Humanidade. Lutei toda a minha vida por aquilo que acho correto e no melhor interesse da Justiça e do fair play.”
Taylor refutou as acusações de envolvimento em atrocidades cometidas pela Frente Revolucionária Unida (RUF, na sigla em inglês), durante a guerra civil em Serra Leoa, que acabou em 2002.
A RUF provocava terror por usar facões para decepar membros de civis. Taylor é acusado de ter repassado armas à RUF em troca de diamantes de Serra Leoa, mas nega as acusações. Ele também refutou as alegações de ter planejado uma invasão de Serra Leoa junto com o líder da RUF, Foday Sankoh.
A representante da defesa Claire Carlton-Hanciles afirmou à BBC na segunda-feira que Taylor vem sendo preparado para o depoimento há seis semanas.
Instabilidade política
A guerra civil na Libéria começou em 1989 e Taylor se elegeu presidente do país em 1997, depois de ter assinado um acordo de paz em 1995.
Em Serra Leoa, a guerra civil começou em 1991. Durante uma década de conflitos, milhares de pessoas morreram no país e em levantes associados na Libéria. A instabilidade política se espalhou até para os vizinhos Costa do Marfim e Guiné.
Em 1999, rebeldes liberianos se insurgiram contra o governo Taylor, mas ele conseguiu se manter no poder até 2003, quando foi expedido um mandado de prisão contra ele, que acabou se exilando na Nigéria.
Depois de três anos de exílio, o ex-presidente acabou sendo extraditado de volta à Libéria em 2006.
O julgamento na Corte Especial criada pelas Nações Unidas para Serra Leoa, em Freetown, capital do país, foi transferido em junho de 2007 para a Holanda, em meio a temores de que isso pudesse criar instabilidade no país e nos vizinhos da Libéria. Se for condenado à prisão, Taylor deve cumprir sentença na Grã-Bretanha.
BBC/UltSeg