Diante da conturbada situação em que se encontra o setor de comercialização de bovinos no estado, principalmente em relação ao fechamento de algumas plantas frigoríficas nos últimos meses, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) instalou a Comissão de Produtores Credores de Frigoríficos em Recuperação Judicial. Participaram da reunião a diretoria da entidade, presidentes e representantes de sindicatos rurais.
“Já estávamos nos reunindo com os produtores e representantes dos frigoríficos intermediando as negociações, no entanto neste meio tempo o cenário se modificou, houve arrendamento de algumas plantas que estão em processo de recuperação na Justiça e o não-cumprimento de acordos feitos com os pecuaristas. Neste momento o produtor, no papel de credor, precisa ser resguardado no processo e receber pelo boi abatido, afinal é ele quem fornece a matéria-prima para essas plantas continuarem funcionando”, disse o presidente da Famato, Rui Prado.
A nova comissão será coordenada pelo presidente do Sindicato Rural de Canarana, Marcos da Rosa, que receberá suporte da equipe da Famato: o consultor de pecuária Luis Carlos Meister, o gerente técnico Luciano Gonçalves e a assessora jurídica Elizete Araújo, além de entidades e produtores. Num primeiro instante o grupo irá organizar as informações sobre as empresas devedoras e posteriormente traçará metas para o recebimento dos créditos devidos aos pecuaristas.
“O objetivo é resolvermos este impasse na base do diálogo, vamos conversar com os representantes do Friboi e acompanhar os processos das outras empresas participando, por exemplo, das assembleias de credores e verificando nas respectivas comarcas o andamento dos processos”, afirmou Marcos da Rosa.
Recentemente foi anunciado o arrendamento de cinco plantas do frigorífico Quatro Marcos – em recuperação – pelo Friboi do grupo paulista JBS. Até o momento o Quatro Marcos apenas protocolou o pedido de recuperação judicial, já o plano ainda não foi apresentado. Além deste, o Arantes e o Independência representam a maioria da dívida ao setor. Só do Arantes estima-se um montante de R$ 90 milhões.
“Está difícil desta forma. Tem produtor que tem mais de R$ 500 mil a receber e na lista dos credores na Justiça somos apenas o quarto na ordem de prioridades”, disse Leonicio P.Val, produtor da região de Cáceres.
Dia 15 (julho) a Comissão se reunirá com a diretoria do Independência, na sede da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) em Brasília, onde a empresa apresentará seu Plano de Recuperação.
Cleber Gellio | Elisete Mengatti