O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que falou três vezes por telefone com o ex-ditador cubano Fidel Castro, na manhã da quarta-feira passada, antes de fechar o apoio à resolução que suspendeu o veto ao governo cubano na OEA (Organização dos Estados Americanos).
A versão do venezuelano sobre o rompimento do impasse foi dada na última edição das “Linhas de Chávez”, textos que ele escreve inspirados nas “Reflexões” que Fidel publica na internet e na imprensa estatal cubana desde que passou seus cargos executivos ao irmão Raúl Castro.
O presidente da Venezuela conta que esteve em contato com Fidel, que lhe enviava mensagens por escrito, durante toda a negociação do grupo de trabalho de dez países que se reuniu, por sugestão do Brasil, à margem da Assembleia Geral da OEA em San Pedro Sula, Honduras.
Do grupo faziam parte tanto Venezuela quanto os EUA, que até a segunda-feira passada estavam isolados em sua oposição a que o veto de 47 anos a Cuba fosse anulado.
Na noite de terça-feira, a situação havia se invertido. Os EUA cederam e fecharam com a maioria dos latino-americanos e caribenhos o texto que revoga a decisão da Guerra Fria, sem no entanto tornar automática a participação cubana na OEA. Mas os seis países da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) resistiam.
“A essa hora se perfilava o cenário que tínhamos previsto como mais provável: não haveria acordo (…). As consequências seriam imprevisíveis, mas uma delas era iminente: a OEA sairia dali dividida e com um míssil em sua linha de flutuação”, escreveu Chávez, que via “sinais de desespero nas fileiras adversárias” (os EUA).
Foi então, de acordo com o venezuelano, que a Alba lançou sua “ofensiva final”. “No meio da manhã [de quarta-feira, dia 3], Fidel telefona e conversamos diretamente não menos de três vezes; ligou para Evo [Morales, presidente da Bolívia] e para [Rafael] Correa [presidente do Equador], falou com Daniel [Ortega, presidente da Nicarágua] e com [Manuel] Zelaya [presidente hondurenho]. Conseguimos!”
A resolução finalmente consensual foi a mesma que estava pronta na noite de terça-feira, mas a reviravolta da Alba surpreendeu os negociadores americanos. Até então, o bloco chavista afirmava se opor à redação do preâmbulo, que por insistência dos EUA cita os princípios de democracia, direitos humanos e segurança.
Também ontem, a jornais chilenos e argentinos, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, disse que a decisão do organismo facilita o diálogo bilateral entre EUA e Cuba, com vistas ao fim do embargo econômico americano. “Se a resolução contribuir para o fim do bloqueio, então será histórico. Mas estamos só começando”, disse.
Chávez, por outro lado, comemorou também o anúncio da adesão à Alba do Equador, o que será formalizada em cúpula no dia 24. O bloco terá então oito países, incluindo Cuba e mais dois caribenhos: Dominica e São Vicente e Granadinas.
F.Online