A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e todas as outras federais do país têm até o dia 15 de maio para informar ao Ministério da Educação (MEC) se adere ou não ao novo modelo de vestibular unificado. O assunto tem gerado
polêmica e a sociedade ainda demonstra não estar bastante informada para que opine e a UFMT possa dar uma resposta ao MEC, não unilateral, mas respaldada pela opinião pública.
Uma das preocupações imediatas é com os estudantes de Mato Grosso que, segundo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), não tem
condições de disputar de igual para igual com estudantes de pelo menos 12 outros estados.
Há muitas dúvidas em torno do assunto. A única questão que parece estar clara é que os candidatos poderão optar por até cinco cursos em até cinco instituições.
Está aí um problema para os estudantes de Mato Grosso. O resultado do Enem-2008 indica que alunos, tanto do ensino público quanto particular, tiveram sérias dificuldades para responder às perguntas do Exame, colocando
o Estado em uma condição ruim entre os 27 do país. De cada 100 questões, alunos do ensino público responderam a apenas 34,70% – indicativo baixíssimo e, nesse quesito, Mato Grosso fica em 13º lugar.
Ou seja, perde em pontuação para a metade dos estados brasileiros. Os alunos do ensino privado
responderam a 50,48%, levando Mato Grosso para uma situação ainda menos prestigiosa: o 17º lugar. “Nossos alunos não vão ter condições de competir de igual para igual. Estudantes do Sudeste e Sul vão tomar conta das vagas
nas universidades do Centro Oeste e nossos filhos terão que procurar federais mais periféricas, como a do Tocantins e Roraima”, alerta o presidente da Adufmat, Carlinhos Eilert.
Este é apenas um ponto de um assunto que está polemizando nas universidades federais do país, cursinhos pré-vestibulares e escolas em geral.
Tanto é polêmica a questão que das 57 universidades federais existentes no
Brasil, só 25 disseram sim de imediato à adoção do vestibular unificado.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) está fora. Prefere debater mais o assunto.
Ela, assim como todas as outras federais, podem aderir ou não a este novo modelo, com base no artigo 207 da Constituição Federal que as concede
autonomia administrativa.
A Universidade Federal da Bahia (UFBA) disse sim.
Quem vai decidir se a UFMT vai entrar nesse modelo é o Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), órgão deliberativo superior da Universidade, em matéria de natureza acadêmica. O Consepe se reuniu
extraordinariamente no último dia 22, após o feriado de Tiradentes, às 13h30, no campus de Cuiabá, para tratar de uma pauta única: o sistema de seleção unificada. Mas por perceber a pressão que vem da comunidade acadêmica preocupada com a questão, e sem entender ainda o que isso tudo vai gerar, adiou a decisão para o dia 11 de maio.
Alguns debates pontuais estão surgindo nesse prazo até o dia 11.
Na última Assembléia Geral, os professores da UFMT encaminharam a articulação de um grande debate – “Vestibular Unificado: solução?” – para o dia 5, às 8h, no Teatro Universitário.
“Toda a sociedade está convidada para este debate, estamos chamando os cursinhos pré-vestibulares e escolas em geral, assim como políticos e representantes de entidades de classe”, convoca Eilert. “Todos são
bem-vindos”. A senadora Serys (PT-MT) já confirmou presença.
A intenção é que seja tirado um documento deste debate, a ser encaminhado ao Consepe. “Queremos indicar ao Conselho o que a opinião pública pensar e quer, para que ele leve em consideração isso”, diz Eilert.