Grupos de ativistas mulheres no Quênia estão promovendo uma semana de greve de sexo em protesto contra as disputas dentro do governo de coalizão do país. Segundo elas, a greve é uma tentativa de evitar que se repita a onda de violência que afetou o país depois das eleições de 2007.
O grupo Organização de Mulheres pelo Desenvolvimento afirmou que também vai pagar prostitutas para que elas participem da greve. As ativistas pediram ainda às mulheres do presidente e do primeiro-ministro do Quênia que se unam ao protesto.
As relações entre os parceiros da coalizão de governo do Quênia, liderada pelo presidente Mwai Kibaki e pelo primeiro-ministro Raila Odinga, vêm se tornando cada vez piores.
Campanha no quarto
Patricia Nyaundi, diretora-executiva da Federação de Advogadas Mulheres (Fida), uma das organizações que participam da campanha, disse esperar que a greve de sete dias obrigue os rivais a se entender.
Ela afirmou que a campanha vai começar no próprio quarto, e que já foram enviadas emissárias para convencer Ida Odinga (mulher do primeiro-ministro) e Lucy Kibaki (mulher do presidente) a participar e liderar o protesto.
“Grandes decisões são tomadas durante conversas na cama, então, estamos pedindo a essas duas senhoras que neste momento de intimidade peçam aos maridos: “Querido, você pode fazer alguma coisa pelo Quênia?””, disse Patricia ao programa Focus on Africa, da BBC.
Mas segundo a correspondente da BBC em Nairóbi Anne Waithera, a campanha deve enfrentar dura resistência por parte de alguns homens.
Segundo ela, alguns homens podem argumentar que não aguentam nem dois dias de abstinência.
A campanha está sendo apoiada por vários outros grupos, entre eles uma rede de grupos de mulheres na zona rural do país.
O presidente Kibaki e o premiê Odinga concordaram em formar uma coalizão de governo no ano passado para por fim à violência que tomou conta do país após as eleições. Na ocasião, 1.500 pessoas morreram e 300 mil tiveram que deixar suas casas.
Mas as relações entre os dois pioraram, com o partido de Odinga reclamando que ele foi colocado em segundo plano e protestando contra tudo, desde a reforma eleitoral até a falta de um banheiro para o primeiro-ministro durante uma recente visita oficial.