Um dia antes, o Irã respondeu ao pacote de incentivos elaborado pelos seis países, dizendo que ele continha idéias capazes de permitir a realização de negociações sérias a serem iniciadas imediatamente.
As potências ocidentais já haviam dito que tais apelos por negociações eram uma forma encontrada pelos iranianos para evitar sanções e a paralisação de seu programa nuclear.
“Como afirmamos sempre, uma volta à mesa de negociações depende da suspensão do enriquecimento de urânio”, disse o ministro francês das Relações Exteriores, Philippe Douste-Blazy, em uma entrevista coletiva.
Mas não há sinais de que o governo iraniano aceitará tal precondição. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que o país islâmico precisa, até 31 de agosto, suspender o programa de enriquecimento de urânio sob pena de sofrer eventuais sanções.
O urânio enriquecido pode ser usado tanto na produção de energia elétrica quanto na fabricação de armas.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Grã-Bretanha, França, China e Rússia) e a Alemanha ofereceram ao Irã vários tipos de incentivos para o país suspender aquelas atividades. Até agora, as potências mundiais não se manifestaram sobre a resposta iraniana.
Um diplomata da UE havia dito que o Irã descartava a suspensão do enriquecimento de urânio antes das negociações. “Mas (o país) deu sinais de que pode aceitar a suspensão no curso das negociações”.
Outros diplomatas não quiseram confirmar se os iranianos haviam dado mostras de uma maior flexibilidade na questão.
O jornal The Washington Post disse que, segundo autoridades de países envolvidos no processo, o Irã desejava avaliar a idéia de suspender seu programa nuclear, mas não como uma precondição para as negociações.
Douste-Blazy descreveu a resposta iraniana, totalizando 21 páginas, como um “documento bastante longo e complexo” e afirmou que as seis potências decidiriam dentro de poucos dias que medida adotar dentro do Conselho de Segurança.
O chefe da área de política externa da União Européia (UE), Javier Solana, que entregou a proposta ao Irã em junho, disse que a resposta do país era “extensa e, por isso, requeria uma análise detalhada e cuidadosa”.
O governo dos EUA afirmou na terça-feira que o presidente do país, George W. Bush, não havia ainda examinado a resposta de Teerã. Mas o embaixador norte-americano junto à ONU, John Bolton, disse que os EUA estavam prontos para defender a adoção de sanções se o governo iraniano rejeitar a oferta.