A fabricante brasileira de aeronaves Embraer informou nesta quinta-feira que, em consequência da crise financeira internacional, vai demitir mais de 4.000 funcionários e revisou para baixo as previsões de produção e investimentos para 2009.
“Como decorrência da crise sem precedentes que afeta a economia global, em particular o setor de transporte aéreo, tornou-se inevitável efetivar uma revisão de sua base de custos e de seu efetivo de pessoal, adequando-os à nova realidade de demanda por aeronaves comerciais e executivas”, afirmou a empresa, terceira maior exportadora do país, por meio de comunicado.
As demissões vão atingir cerca de 20% do efetivo de 21.362 empregados da empresa e se concentram na mão-de-obra operacional, administrativa e lideranças, incluindo a “eliminação de um nível hierárquico de sua estrutura gerencial”. A empresa informou que a “expressiva mão-de-obra de engenharia mantém-se nos programas de desenvolvimento de novos produtos e tecnologias, que prosseguem inalterados”.
A Embraer também revisou suas estimativas para 2009. A empresa estima entregar 242 aeronaves no período (ante 270 na previsão anterior), com uma receita prevista de US$ 5,5 bilhões (ante US$ 6,3 bilhões). Por conta da redução da estimativa de receita, a empresa refez sua previsão de investimentos para US$ 350 milhões neste ano (ante R$ 450 milhões).
Terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, atrás da Boeing e da Airbus, a Embraer informou que, apesar de ter sede no Brasil, depende fundamentalmente do mercado externo e do desempenho da economia global –mais de 90% de suas receitas são provenientes de exportações–, e que não se beneficia do aquecimento do mercado doméstico brasileiro.
“A Embraer expressa seu profundo respeito às pessoas que ora deixam suas posições na empresa. Respeito pelo trabalho que desenvolveram, pelo tempo de convívio profissional e pessoal, pelo momento difícil que atravessam”, diz a empresa.
Protesto
O Sindicato dos Metalúrgico de São José dos Campos informou que vai iniciar protestos contra as demissões da empresa e que o assunto será debatido com o prefeito da cidade, onde fica a sede da empresa, Eduardo Cury.
“Esperamos que o prefeito adote medidas práticas e urgentes para intervir nessa grave situação. Essas demissões terão um impacto extremamente negativo em toda a cadeia produtiva da cidade”, afirmou o presidente do sindicato, Adilson dos Santos.
Entre as alternativas defendidas pelo sindicato para evitar demissões estão a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e com estabilidade no emprego. Segundo a entidade, a Embraer tem jornada de 43 horas semanais.
O sindicato apontou ainda que a Embraer, desde sua privatização, em 1994, recebeu cerca de US$ 7 bilhões por meio de financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A empresa não confirma os números.
A Embraer já fabricou e vendeu mais de 4.900 aviões que operam em 78 países, nos cinco continentes.
F.Online