A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou a escolha do turboélice C-212, fabricado pelo consórcio europeu Eads Casa, para substituir sua frota de Bandeirantes. O contrato prevê a aquisição de 50 aviões, que serão montados pela própria FAB no Campo de Marte, zona norte de São Paulo, em um acordo que prevê a transferência de tecnologia. O valores da compra só serão revelados no dia 15 de setembro, quando está prevista a assinatura do contrato.
Também participaram do processo de seleção os fabricantes Skytruck, da Polônia, e LET, da República Tcheca. O ex-representante do Skytruck e também o representante do LET contestaram o resultado da seleção. O primeiro já entrou com um pedido formal de informações e pretende entrar com mandado de segurança para tentar anular a compra.
Esse não é o primeiro contrato assinado pela FAB com a Eads Casa. No ano passado, o consórcio assinou acordo de US$ 700 milhões que prevê a modernização de oito aviões P-3 e a venda de 12 aeronaves de transporte militar C-295. O Comando da Aeronáutica informou que a escolha do Casa se deu por “um conjunto de requisitos operacionais e técnicos”.
A previsão da FAB é de que a primeira aeronave comece a ser produzida ainda este ano. Inicialmente, o governo tentou convencer a Embraer a modernizar o projeto do Bandeirante, mas a empresa não se interessou devido ao baixo conteúdo tecnológico. A FAB tem hoje uma frota de quase 100 Bandeirantes, que já estão no final de sua vida operacional. Os aviões dão apoio logístico a expedições militares, além de levarem médicos, remédios e mantimentos para a região amazônica.
A idéia de montar o avião no Brasil foi a forma encontrada pelo governo para reduzir os custos do projeto, aproveitando a mão de obra da própria FAB. Também estão previstas parcerias com a indústria nacional para a produção de partes e peças. O governo pretende ainda atrair empresas de aviação regional para comprar o avião, o que poderia ajudar a reduzir os custos unitários.
O C-212 está avaliado em US$ 8 milhões a unidade. Segundo fontes do mercado, a proposta teria sido reduzida para US$ 5,2 milhões. A proposta do LET, único dos três concorrentes usado por empresas regionais de aviação no País, foi de US$ 3,8 milhões. O preço inicial do Skytruck era de US$ 4,75 milhões, mas foi alterado depois que o fabricante trocou de representante.
O ex-representante, Magno Ferreira, foi substituído após levantar a suspeita, em entrevista ao Estado, em maio, de que o processo seletivo estaria com cartas marcadas e o vencedor seria o Casa.
O representante do LET, Mário Moreira, lamentou a decisão. “Infelizmente, o preço e o custo operacional não foram preponderantes na avaliação.” O representante do Casa não foi localizado.