O ex-deputado de 60 anos, que ficou recluso em sua casa após deixar a presidência petista em julho de 2005, insistiu em negar que o partido tenha se envolvido em corrupção e fez uma leve autocrítica ao seu próprio desempenho.
Acusado pelo Ministério Público Federal de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro no período em que presidiu o PT, o ex-parlamentar recebeu o apoio do candidato petista ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, do candidato a senador Eduardo Suplicy e também de José Dirceu, ex-ministro e deputado federal cassado em meio ao escândalo do mensalão.
“O PT não praticou mensalão, o PT não comprou voto de deputado, o PT não fez troca financeira no Congresso Nacional”, disse Genoino a repórteres no lançamento do livro “Entre o Sonho e o Poder”, uma coletânea de depoimentos do ex-deputado a historiadora e jornalista Denise Paraná.
“Digo no livro que eu devia ter ficado mais tempo dialogando com a militância, com a base social do partido, do que no Congresso Nacional, quando eu não era mais deputado,” disse.
Ele afirmou que o livro não traz nenhuma revelação sobre a pior crise dos 25 anos do PT, apenas uma “análise e avaliação pessoal”.
“Faço uma avaliação autocrítica de algumas coisas da campanha (eleitoral de 2004), como o papel do marketing. A gente não considerou devidamente a militância, algumas alianças a gente devia ter estabelecido critérios mais explícitos”, afirmou.
Genoino, que ficou na presidência do partido por 30 meses, disse que não tem mais “aspiração a nenhum estrelato”, nem de voltar a exercer o mesmo cargo no PT.
“Vivi o lado da unanimidade e do estrelato, e depois eu vivi o lado da condenação. Portanto, agora vou viver mais centrado, com a base do partido”, disse.
Enquanto Genoino autografava os livros, ao lado da autora, uma longa fila se formava até o lado de fora da livraria do Conjunto Nacional, na avenida Paulista, centro da capital paulista. Os convidados foram recebidos com flores brancas de papel e taças de vinho branco.
Da ala petista, também compareceram a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy e os deputados federais Luiz Eduardo Greenhalgh e Angela Guadagnin, que ficou famosa após dançar em plenário para comemorar a absolvição de um colega acusado de receber dinheiro do valerioduto, que seria a fonte do suposto esquema do mensalão.
O atual presidente do PT, Tarso Genro, enviou uma mensagem por email ao colega, distribuída aos jornalistas pelo próprio Genoino. Genro o cumprimenta pelo lançamento do livro, que classificou como “o depoimento de um dos quadros políticos mais importantes do nosso partido e da política brasileira”.
Dirceu comentou aos jornalistas que estava afastado do PT, advogando e dando consultoria, mas apoiando a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a volta de seu colega Genoino à Câmara.
“Conheço o Genoino há 40 anos, nem se sonhava que um dia ia existir o PT. Minha ligação com ele é em primeiro lugar afetiva, humana, e depois política. Tenho uma grande admiração e carinho pelo Genoino”, disse.
O ex-ministro afirmou que não vai deixar de fazer política, mas que não voltará à direção do PT. “Já fiz isso o bastante, o PT está em boas mãos, o PT precisa de gente nova, outra geração”, afirmou.