A primeira exposição coletiva de mosaicistas formados pelo Projeto Mosaico, em cursos oferecidos gratuitamente pela Prefeitura de Cuiabá, se estenderá até o próximo domingo, dia 08-02, no Museu da Caixa D’água Velha, um dos mais bonitos e importantes espaços culturais da capital mato-grossense. Lá estão expostas, desde o dia 26-01, cerca de 30 peças produzidas por jovens carentes com idade entre 17 e 24 anos.
Diariamente, das 8h às 19hs, o público poderá apreciar o talento dos jovens mosaicistas cuiabanos e até adquirir peças. A variedade das cores, os motivos dos desenhos e o capricho na produção dos trabalhos estão chamando a atenção do público.
Isso ocorre especialmente porque são criações de jovens que por ocasião do anúncio da oferta do curso em suas comunidades ouviram pela primeira algo sobre a arte em mosaico.
O estudante Edílson Oliveira de Sousa, 17 anos, morador do bairro Altos da Glória, uma das comunidades mais pobres da capital, antes do curso do Projeto Mosaico trabalhava como servente de pedreiro com o pai, Edson Luis de Sousa. “Eu nunca tinha ouvido falar em mosaico, não sabia nem o que significava essa palavra”, confessou o jovem. Ele, que participou do segundo curso, oferecido entre julho e agosto de 2008, hoje se considerada um apaixonado por essa arte. Edílson, que fez a peça “Sininho”, inspirada na personagem do conto de fada do Peter Pan, diz que está esperando as oportunidades de trabalho para mostrar o que aprendeu no curso.
Wilton de Lima dos Anjos, 19 anos, morador do bairro 1º de Março, transferiu para a tela um símbolo japonês intitulado “Rei do Universo”, uma reverência a Deus na língua oriental. Estudante do ensino médio, Wilton diz que fez o curso de Mosaico para ampliar seus conhecimentos em artes. Há alguns anos, contou ele, pinta telas sem jamais ter participado de cursos. O sonho de Wilton é sobreviver, em condições dignas, pintando telas e fazendo pelas de mosaico.
De casamento marcado, a estudante Rúbia da Silva Costa, 21 anos, moradora do bairro João Bosco Pinheiro, não sabe se terá a arte em mosaico como profissão. Entretanto, de uma coisa ela está certa, a casa onde vai morar depois de casada terá frases e peças em mosaico. Durante o curso, Rúbia fez o quadro intitulado “A Ilha Maravilha”, um paraíso tropical imaginário.
A coordenadora do curso, Leila Hussem Sayed, reforça que uma grande parcela dos jovens mosaicistas formados pela Prefeitura reúne capacidade, interesse e disposição para trabalhar com essa arte e aguardam a chance de mostrar suas qualidades. Eles esperam fazer como os irmãos Willian, Wellington e Wesley, que integraram a primeira turma de formandos e recentemente foram convidados a recriar em mosaico a “Maria Fumaça”, antigo trem de transporte de passageiros, na parede do espaço mineiro do bar e restaurante Dukas, na Avenida Rubens de Mendonça(do CPA).
A presidente do Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano(IPDU) e primeira dama de Cuiabá, arquiteta Adriana Bussiki Santtos, idealizadora do Projeto Mosaico, visitou a exposição. Enquanto conhecia detalhadamente cada uma das peças, Adriana destacou que essa mostra é mais uma forma de dar publicidade aquilo que os jovens aprenderam na expectativa de que a sociedade ajude a reverter em oportunidades de trabalho o aprendizado oferecido pela Prefeitura de Cuiabá.
Projeto Mosaico – Ação da Prefeitura de Cuiabá para qualificar jovens de comunidades de baixa-renda, que têm entre 18 e 24 anos e que saíram preferencialmente de projetos sociais como Agente Jovem. Na primeira edição do projeto, em 2007, foram capacitados 50 jovens, de ambos os sexos. Em 2008, outros 50 jovens receberam capacitação similar. Antes de começar o curso, os jovens passam por um processo de seleção, e aqueles que apresentam aptidão e maior interesse pela arte aprendem a transformar em obras de artes cacos de materiais de construção como cerâmica, porcelanato, granito, azulejos, vidro e outros materiais descartados pela construção civil.
Técnica Milenar – Mosaico a arte de produzir peças artesanais e decorativas através de cacos de cerâmica com reaproveitamento de restos de materiais de construção. Muito usado na Grécia antiga para fazer pavimentos e revestimentos de pisos, o mosaico foi também largamente utilizado pelos astecas na produção de objetos para cerimônias, como as imagens em mandalas esculpidas com o rosto de Jesus Cristo. A milenar arte ganhou notoriedade e grande importância também com o arquiteto espanhol Antonio Gaudi, que revolucionou Barcelona executando grandes obras em mosaico, como telhados, bancos e paredes, através da utilização de cerâmicas muito coloridas. Gaudi foi a maior expressão da arte livre com o mosaico.