A Penitenciária Central do Estado (antigo Presídio do Pascoal Ramos) não aceita novos presos porque se transformou num barril de pólvora prestes a explodir. O problema grave da penitenciária é a superpopulação carcerária, hoje além de sua capacidade. Construída para abrigar 400 detentos, a unidade prisional tem hoje quase 1,5 mil detentos, entre provisórios e condenados. Desde a semana passada, uma portaria da Secretaria Adjunta do Sistema Prisional proibiu a admissão de novos presos.
Através de familiares, os presos mandaram um recado para a administração – “se entrar um preso vivo, sairá um morto”. Eles ameaçam fazer roleta russa, um esquema pelo qual um preso é eliminado de cada vez como forma de protesto. Parente de um preso que cumpre pena disse que as celas estão em situação caótica, pois há cerca de 30 detentos onde cabem apenas oito.
“Estão dormindo até nos banheiros. Com pouco espaço, os presos não têm em condições nem de deitar nas celas. Camas e corredores estão superlotados. Alguns presos permanecem sentados esperando a vez de dormir”, comentou um homem que recentemente visitou o seu sobrinho. O sistema prisional informou que existe um projeto de ampliação da Penitenciária Central, mas que só terá início no final do primeiro semestre.
Sem vagas, policiais das Delegacias de Cuiabá e Várzea Grande chegam com presos nas viaturas, mas são orientados a procurar outro presídio. A Cadeia Pública do Carumbé também está superlotada. Agentes prisionais informaram que, em menos de duas semanas, a situação estará semelhante ao Presídio Central.
Na sexta-feira, policiais da Delegacia do Complexo do Verdão chegaram com dois presos por roubo – Bruno Reverson Pereira e Helder Cley Clemente da Silva – e tiveram que voltar para trás. Acabaram conseguindo vaga no Carumbé. “A gente fica rodando de presídio em presídio. E corremos o risco de voltar com o preso para a delegacia”, explicou um dos policiais.
Diante da situação, os policiais acreditam que em fevereiro a situação chegará a um nível inimaginável. “Ninguém sabe mais o que fazer com tantos presos. Temos uma média de 10 presos em flagrante por dia na Grande Cuiabá”, explicou um policial plantonista.
A Superintendência do Sistema Prisional confirmou a superlotação e revelou que possui planos para a ampliação. Até o final do primeiro semestre, estão previstas a criação de mais 312 vagas no setor de conteiners. Além disso, em Várzea Grande, está previsto um presídio com mais de 400 vagas para jovens de 18 a 24 anos.
O Sistema Prisional informou ainda que para o Presídio Central serão destinados presos que respondem apenas por crimes considerados graves, como tráfico e homicídios. Os demais deverão ser levados para o Carumbé.
D.de Cuiabá