O Plano Nacional de Mudança do Clima, divulgado nesta segunda-feira pelo governo, deve continuar contribuindo decisivamente não para reduzir mas para acentuar a tragédia que já dá mostrar de sua ação em diversos pontos do País e do mundo. Além da perda de 70 mil quilômetros quadrados de florestas até 2017, admitida pelo governo em seu plano, a idéia é compensar a partir de 2015 a derrubada e queima de matas nativas com o plantio de eucalipto e pinus. Importante observar que essa devastação refere-se apenas à Amazônia. Não inclui cerrado e outros biomas ainda mais ameaçados.
Como a reposição de espécies nativas deve ser de apenas 20 mil quilômetros quadrados até 2020 e outros 35 mil quilômetros quadrados devem ser de pinus e eucalipto, a expectativa é de que as perdas de florestas nativas somente na Amazônia ultrapassem esses 70 mil, praticamente fazer desaparecer uma área equivalente ao Estado de Santa Catarina, hoje brutalmente castigado pelas chuvas e por ocupações e exploração de risco da terra.
O plano prevê redução de 30% a 40% do desmatamento até 2017 e não mais até 2015, como se cogitou inicialmente. Para 2015 ficou apenas a expectativa de que as matas naturais derrubadas e queimadas possam ser compensadas em outros pontos do País pelo plantio de florestas homogêneas, que virão abaixo na época de corte comercial . Nas contas do ministro Carlos Minc, o plano pode evitar a emissão de 4,8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, média de 530 milhões de toneladas por ano. No Brasil, o desmatamento é responsável por 75% das emissões de gases causadores do efeito estufa.
O documento, elaborado com a participação de 17 ministérios, traz, pela primeira vez, metas voluntárias nacionais para redução de emissões de gás carbônico provocadas pelo desmatamento. As metas de redução têm como base a média de desmatamento entre 1996 e 2005 que é de 19 mil quilômetros quadrados.
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