Embora grande parte da sociedade ainda não consiga definir a super e
hiperatividade nas crianças, alguns vêem o distúrbio como má criação,
desobediência, indisciplina ou apenas ansiedade. O que poucos sabem é que
uma criança super ou hiperativa pode desenvolver graves problemas na
infância, que vão refletir na vida adulta. A maior complicação gerada pela
super ou hiperatividade está relacionada ao aprendizado, já que a criança
apresenta dificuldades de concentração.
Em Cuiabá, a Associação de Mães de Crianças Super e Hiperativas (ADMCHP) vem
realizando várias ações a fim conseguir recursos para a construção de uma
unidade escolar especial para atender as 4,5 mil crianças cadastradas. De
acordo com a fundadora da Associação, Raquel Beatriz de Oliveira, essas
crianças são de baixa renda, e moram em bairros periféricos da capital e de
Várzea Grande.
O projeto para a construção da escola, segundo Raquel, já foi elaborado. “A
escola vai funcionar em período integral, onde além das disciplinas dadas em
salas de aulas, as crianças vão dividir o tempo entre esporte e cultura, com
aulas de caratê, futebol, xadrez, dança, teatro e outros”. Raquel explicou
que essas atividades são fundamentais para que as crianças com esses
problemas – super e hiperatividade – gastem o máximo possível de energia. Na
última semana, a Associação realizou um ato público, que teve inicio na
Praça das Bandeiras – com distribuição de panfletos explicativos – com
objetivo de mobilizar a sociedade e os órgãos públicos.
O principal objetivo do projeto é que as crianças tenham um acompanhamento
especial de pessoas qualificadas – professores e psicólogos – enquanto os
pais estão trabalhando. “Muitas vezes a mãe deixa o almoço pronto de manhã e
para o filho e vai trabalhar, mas não consegue acompanhar se o filho comeu,
se ele foi para a escola no horário certo, se ele foi pra rua, que horas ele
voltou, essas coisas”, acrescentou Carmem Félix dos Santos, voluntária do
projeto.
Outro ponto destacado por Raquel é o emprego. Segundo ela, as crianças entre
14 e 18, atendidas pela Associação – que já podem trabalhar – serão
incluídas no projeto Pequeno Aprendiz. “Assim, meio período ela vai estar
trabalhando e meio período nas atividades de esporte e lazer e à noite em
sala de aula. Quando for 10 horas da noite a criança vai estar exausta,
querendo dormir e não terá tempo para “arrumar problemas”.
*Hiperatividade -* Denominada na medicina de desordem do déficit de atenção,
pode afetar crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos. Os sintomas
variam de brandos a graves e podem incluir problemas de linguagem, memória e
habilidades motoras. Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes uma
inteligência normal ou acima da média, o estado é caracterizado por
problemas de aprendizado e comportamento. Os professores e pais da criança
hiperativa devem saber lidar com a falta de atenção, impulsividade e
instabilidade emocional da criança. O comportamento hiperativo interfere na
vida familiar, escolar e social da criança, que têm dificuldade em prestar
atenção e aprender*.* As crianças hiperativas estão sempre em movimento,
sempre fazendo algo e são incapazes de ficar quietas. São impulsivas. Não
param para olhar ou ouvir.
*Associação –* O grupo de mães foi fundado por Raquel, em maio deste ano,
após descobrir que o filho de quatro anos, com hiperatividade constatada
pelo Centro de Atenção Psico-Social (CAPS), teria sido agredido por uma
professora na escola municipal em que estudava. Revoltada, Raquel conta que
a explicação da professora era de que a criança não parava quieta e estava
atrapalhando o desenvolvimento das atividades e que não adiantava mais
chamar a atenção – sintomas visíveis da hiperatividade. Durante a sua luta,
Raquel encontrou outras mães, como Adriana Araújo Gomes, que tem dois filhos
hiperativos – de 5 e 8 anos – e também tinha passado pela experiência de ver
o filho sendo agredido na escola. Hoje, a Associação é formada por centenas
de mães que buscam ajuda junto a instituições públicas e privadas e
parcerias com a sociedade.
*Ações e contato –* A Associação de Mães é mantida com recursos oriundos de
ações beneficentes e vendas de sacos de lixo. Algumas crianças, como as duas
que foram agredidas nas escolas foram transferidas para o Colégio
Adventista, cujas despesas – mensalidades e material – são mantidas pela
Associação. Atualmente, a Associação está realizando uma ação beneficente
que vai sortear um aparelho de MP7. O valor da rifa – que está vendida em
toda a rede das drogarias América – é de R$ 3. O dinheiro arrecadado será
investido na construção da escola. Segundo Raquel, a sociedade é a principal
aliada desse projeto, porque a escola vai ser gratuita para as crianças e os
funcionários serão pagos com dinheiros de ações.
Quem quiser fazer doações ou saber mais sobre a Associação pode ligar nos
telefones 9239-1446 (Raquel), 8116-5026 (Luciana) ou 9922-4646/3641-4323