Alegria, espanto, surpresa, raiva, preocupação, tristeza, tensão. Em todo momento expressamos emoções que, com o tempo, ficam estampadas no nosso rosto com as linhas de expressão e rugas. Mas elas podem ser apagadas ou suavizadas.
Para expressar os mais diferentes sentimentos e estados de espírito, dizem os especialistas, a pessoa contrai a musculatura facial cerca de 15 mil vezes por dia. Com tudo isso, não é de se admirar que, com o passar dos anos, as linhas de expressão marquem a face. “A precocidade e a intensidade dessas linhas são determinadas por fatores genéticos”, afirma a dermatologista Iara Yoshinaga, da clínica Pele Dermatologia Integrativa, em São Paulo.
E as rugas são mesmo implacáveis. Embora algumas pessoas tenham menor tendência do que outras, ninguém escapa delas. “Elas ficam mais evidentes à medida em que envelhecemos, porque ocorre uma perda de substâncias que retêm a água nos tecidos, como o ácido hialurônico”, explica a especialista.
Muito além da genética
O envelhecimento natural da pele começa por volta dos 20 anos de idade o que, conseqüentemente, acentua as rugas. “É quando a produção celular inicia seu declínio, os mecanismos de defesa do organismo se tornam mais lentos e se acentua a mímica facial”, afirma a esteticista Maria de Fátima Lima Pereira, do Senac de São Paulo. Para completar, cigarro, poluição, dieta alimentar desbalanceada e excesso de sol aceleram esse processo e acentuam as linhas de expressão.
Outro fator que contribui para o aparecimento das temíveis marcas do tempo é o estresse. A pele é o maior órgão do sistema imunológico e nervoso do corpo. Se a pessoa está irritada, tensa e sem dormir direito, ocorre uma liberação maior de hormônios que chegam a todas as células do organismo e isso é visível no aspecto da pele.
As rugas de expressão aparecem no meio da testa, ao redor dos olhos, das narinas até o canto dos lábios, nos cantinhos da boca, no lábio superior e ao redor dos lábios (especialmente em fumantes). Quando são visíveis mesmo com o rosto em repouso, podem dar a impressão de que a pessoa está cansada ou brava, revelando uma emoção que ela não está sentindo. E para reverter tudo isso, a solução está em tratamentos estéticos potentes. Conheça o que existe e veja do que eles são capazes.
Borracha nelas
Há basicamente dois métodos não-cirúrgicos para suavizar as linhas de expressão. As técnicas não têm o objetivo de paralisar a expressão facial, mas tornar as rugas mais suaves quando o rosto está em repouso. Toxina Botulínica
Ao ser injetada, bloqueia a transmissão do neurotransmissor acetilcolina nos nervos, fazendo com que a musculatura relaxe e perca a capacidade de se contrair. Isso diminui a formação das rugas durante as expressões faciais.
“A ação da toxina botulínica é progressiva e seu efeito final aparece somente depois de duas semanas”, afirma Iara. É muito comum pessoas desavisadas ou impacientes procurarem outro profissional para refazer a aplicação em menos de três semanas, achando que o tratamento não fez efeito. “Isso é perigoso, porque o excesso pode provocar assimetrias ou fazer as pálpebras ficarem caídas, conforme o local de aplicação”, alerta a profissional.
Então, é preciso um pouco de paciência para curtir os resultados. O ideal é refazer as aplicações a cada oito meses, tempo que dura a ação da substância nos músculos. Após o uso de um anestésico tópico, a toxina é aplicada (com uma agulha muito fina) na testa, entre as sobrancelhas, no cantinho dos olhos e embaixo do queixo pra diminuir o efeito de boca caída. Caso a agulha atinja um vaso, haverá um pequeno derramamento de sangue, responsável pela mancha arroxeada na área, que dura, no máximo, três semanas. Também é possível que o local fique ligeiramente inchado e vermelho por alguns dias, o que pode ser facilmente disfarçado com maquiagem. Cada ampola custa, em média, R$ 2 mil.
Tome cuidados antes e depois de realizar os procedimentos
» Para evitar o risco de alergias, é recomendável fazer um teste cutâneo antes de qualquer um dos procedimentos. Para evitar sangramentos, nas 24 horas anteriores, não tome medicamentos à base de ácido acetil salicílico ou anticoagulantes.
» Evite também a exposição solar direta uma semana antes e depois. Além disso, faça uma boa hidratação caso a pele esteja muito castigada pelo sol.
» Para prolongar os efeitos das técnicas, basta manter os cuidados diários com a cútis. Pela manhã, use hidratantes que retenham a umidade, à base de ácido hialurônico, associado a um protetor solar.
» “No período noturno, quando a pele tem maior poder regenerativo, use produtos com ativos biotecnológicos específicos ao seu tipo de pele e à sua idade”, recomenda Maria de Fátima.
Substâncias Preenchedoras
Como o nome sugere, essa técnica preenche as depressões formadas pelas rugas de expressão, minimizando sua profundidade. Existem várias substâncias e cerca de 27 fabricantes no mercado. Elas podem ser reabsorvíveis, e aí o efeito é temporário, ou não-absorvíveis, com efeito permanente. Mas todas permanecem estáveis no lugar injetado, sem risco de esparramarem pela região. “As mais usadas, como o ácido hialurônico, a gordura humana e o PPMA (polimetilmetacrilato), possuem margem de segurança muito grande, com risco de reação próximo a zero.
Os preenchedores são fabricados em gel de variadas concentrações e espessuras, de forma a dar um acabamento perfeito tanto em rugas finas como nas mais acentuadas, sem o risco de deformar o rosto quando bem aplicadas. A sessão, que dura no máximo 40 minutos, é feita com agulhas finas, sempre depois do uso de anestésico tópico.
A substância mais usada no mundo todo é o ácido hialurônico, cujo efeito dura de oito meses a um ano. É ideal para sulcos nasogenianos (bigode chinês), linhas no canto ou ao redor dos lábios e pés-de-galinha. O PMMA e o silicone não são reabsorvidos pelo organismo e, portanto, têm efeito permanente. O procedimento com essas substâncias exige muita experiência, já que erros de aplicação dificilmente podem ser corrigidos. São indicados para aumentar o volume da maçã do rosto, remodelar o contorno da mandíbula e para o preenchimento de rugas profundas.
A gordura da própria paciente também pode ser usada, mas só é indicada se a pessoa fizer uma lipoaspiração. O efeito dura cerca de um ano. Os preenchimentos são desaconselhados durante a gestação e para pessoas com problemas de pele. O preço médio do tratamento varia de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil.
Eterna preocupação com a aparência
A preocupação com a imagem e o desespero com o aparecimento de rugas não são privilégios das mulheres modernas. Desde que o homem pisou no mundo, representantes da ala feminina buscam alternativas para adiar o inevitável: o envelhecimento cutâneo. Veja o que já fizeram (algumas loucuras e outras que deram certo) para combater as rugas.
» 3000 a.C: a primeira ação de combate ao envelhecimento que se tem conhecimento é uma receita com ácido encontrada em um texto médico egípcio. O título dizia “Para transformar um homem velho em jovem”.
» 1600 a.C: A imperatriz da Dinastia Qing, da China, ingeria e aplicava sobre o rosto pó de pérola, porque acreditava que desintoxicava o corpo e removia sinais da idade.
» 1000 a.C: surge a primeira máscara facial. Os egípcios aplicavam uma mistura de incenso, cera, óleo de oliva, ervas e leite por seis dias.
» 100 a.C: Cleópatra toma seu famoso banho de leite em busca de uma pele mais macia.
» 1880: retirar camadas danificadas da pele se tornou popular nos Estados Unidos e as mulheres faziam isso como um “peeling” de fenol. A ação resultava, muitas vezes, em inflamações e feridas.
» 1934: cientistas encontraram nos olhos da vaca uma substância que viraria a vedete dos tratamentos antiidade: o ácido hialurônico.
» 1974: os dermatologistas Eugene Van Scott e Ruey Yu descobrem os alfa hidroxiácidos para suavizar as linhas de expressão.
» 1980: surge o primeiro protetor solar para proteger a pele dos raios UVA e UVB.
» 1981: o FDA (Food and Drugs Administration) aprova a primeira substância injetável, à base do colágeno da pata de vaca, para preencher linhas de expressão.
» 1986: o dermatologista Albert Kligman, criador do creme à base de vitamina A para tratar acne, 19 anos antes, descobre que o produto também combate as rugas.
» 1990: surge o primeiro laser de gás carbônico.
» 1993: a vitamina C vira a vedete nos cosméticos antienvelhecimento pela sua ação antioxidante. Nesse mesmo ano, a marca Clinique lança um creme à base de ácido salicílico, uma substância que faz uma suave exfoliação.
» 1997: surge a microdermoabrasão com micro cristais de coríndon.
» 2002: a toxina botulínica é aprovada pelo FDA para uso cosmético.
» 2005: surge o ativo Idebenona, um potente antioxidante, no creme Prevage, da Elizabeth Arden.
» 2007: descobre-se que o extrato da semente de café é um poderoso antioxidante.
Revista Plástica & Beleza