O presídio federal de Campo Grande (MS), onde os detentos mais perigosos do País cumprem pena e que já foi considerado uma fortaleza, mostrou que tem falhas. Apesar da tecnologia de ponta usada na coleta de impressões digitais, dos detectores de metais de alta sensibilidade e das celas individuais, os traficantes Fernandinho Beira-Mar e o colombiano Juan Carlos Abadía deram ordens, lá de dentro, para que grupos criminosos aterrorizassem juízes e outras autoridades. Os presos José Paulo Barbosa e José Reinaldo Girotti, ambos envolvidos no roubo ao Banco Central de Fortaleza, em 2005, também fariam parte
do plano.
Segundo a Polícia Federal (PF), as ordens das ações eram passadas durante as visitas para familiares e advogados de grupos criminosos, entre eles o advogado Vladimir Búlgaro e a ex-mulher de Beira-Mar, Ivana Pereira de Sá. O esquema foi descoberto pela Operação X da PF. Um informante não identificado, levado pelo senador Magno Malta ao Congresso, confirmou as informações.
A polícia descobriu planos para o seqüestro de parentes de altas autoridades dos
poderes Judiciário e Executivo. A intenção seria usar as vítimas como moeda de troca para a libertação de Abadía, Beira-Mar e outros presos. O promotor de Justiça e professor de direito penal André Stefam de Araújo e Lima ressalta que quem conhece o sistema carcerário não se surpreende com a possibilidade de criminosos, mesmo presos, continuarem comandando quadrilhas. “Em outros presídios, os detentos usam celular. No presídio federal, usaram as visitas. O melhor caminho para se coibir esses acontecimentos é investir em inteligência”, diz Lima. A polícia agora estuda restringir ainda mais as visitas aos acusados. Mas mesmo o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) serviria para limitar o número de visitas, e não impedi-las. (M.M.)
F.Uni