Os países-membros da União Européia (UE) rejeitaram nesta quinta-feira as propostas que existem atualmente sobre a mesa nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), que acontecem há quatro dias para tentar salvar a Rodada Doha sobre a liberalização dos mercados mundiais.
Em entrevista coletiva, a presidente do Conselho de ministros de Comércio da UE, a francesa Anne-Marie Idrac, disse que os 27 países-membros querem “reciprocidade” por parte de outros parceiros, uma vez que já fizeram muitas concessões, especialmente em relação oferta agrícola apresentada durante a negociação.
Os ministros de Comércio e de Agricultura da UE se reúnem ao longo da semana, em Genebra, de forma extraordinária para analisar a evolução das negociações entre mais de 30 países da OMC com o objetivo de desbloquear a Rodada Doha, que começou há sete anos para liberalizar o comércio.
Durante a reunião, grande parte dos países expressou sua preocupação com vários aspectos das propostas de abertura de mercados agrícolas que estão sendo negociandas.
Os chefes negociadores da UE – o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson e a comissária européia de Agricultura, Mariann Fischer Boel – ressaltaram também que é preciso que outros parceiros cedam na abertura de seus mercados industriais, especialmente os países emergentes liderados por Brasil e Índia.
Mandelson alertou sobre “o risco de um fracasso” nas negociações que se realizam pelo quarto dia seguido na OMC e apontou que as próximas 24 horas “serão decisivas”.
Mariann Fischer Boel ressaltou a redução dos subsídios agrícolas que deve ser feita pelos países desenvolvidos, como os membros da UE e dos Estados Unidos.
A proposta que há sobre a mesa na OMC, feita pelo embaixador neozelandês Crawford Falconer, presidente do grupo negociador sobre agricultura, supõe para a UE reduzir seus auxílios entre 75% e 85%, Estados Unidos e Japão entre 66% e 73% e o resto dos países entre 50% e 60%.
Fischer Boel disse que o limite para a UE estaria em um corte de 80% das subvenções agrícolas, pois no caso de ser superior faria falta uma “nova reforma da Política Agrícola Comum”, mais radical que as que estão sendo negociadas pelos países-membros do bloco europeu.
Segundo fontes diplomáticas, nas discussões desta semana uma questão importante para a UE é o grau em que as ajudas agrícolas podem estar na chamada caixa verde, como é conhecida na OMC a categoria de subsídios que não distorcem o comércio.
U.Se