quinta-feira, 21/11/2024
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Presidente do Conselho de Ética recua e diz que Senado não terá pizza

Num claro recuo em relação a sua posição de véspera, o presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), garantiu ontem que as denúncias contra os três senadores acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas não vão acabar em pizza. “Não vai terminar em pizza. Meu ânimo é não arquivar. Vou até o final com muito equilíbrio”, assegurou João Alberto. Ele disse que vai aguardar a defesa dos senadores até terça-feira à tarde para então anunciar sua decisão sobre o caso.

Na quarta-feira, João Alberto indicou que iria arquivar o pedido de processo por falta de decoro parlamentar contra os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT). “Não aceito a palavra de (Luiz Antônio) Vedoin como prova porque é bandido. Só o depoimento do Vedoin não é suficiente”, dissera, numa referência ao dono da Planam, empresa pivô do esquema das ambulâncias superfaturadas. Ontem, contudo, diante da repercussão negativa, afirmou que deverá designar relatores para os processos contra os senadores.

Mesmo assim, João Alberto voltou a desqualificar as declarações do dono da Planam. “O Vedoin é bandido, mas pode haver outros. O depoimento dele tem de estar robustecido com provas”, afirmou.

Antes de viajar para o Maranhão, onde é candidato a vice-governador na chapa encabeçada pela senadora Roseana Sarney (PFL-MA), João Alberto observou que ficou em uma situação “muito ruim” com a divulgação de que iria arquivar os processos. Ele garantiu ainda que não está constrangido por presidir o Conselho de Ética que, provavelmente, vai investigar Suassuna, ex-líder de seu partido. “Se o líder errou, não é líder. Tem de ser julgado como todos outros”, disse.

O vice-presidente do Conselho de Ética do Senado, Demóstenes Torres (PFL-GO), acusou João Alberto de agir “despoticamente” ao indicar que poderia arquivar os pedidos de processo contra os três senadores . Demóstenes ameaçou recorrer ao Supremo Tribunal Federal, caso João Alberto resolva arquivar as denúncias, que poderão levar à cassação do mandato dos senadores. Para o senador pefelista, o argumento de João Alberto de que as denúncias partiram de um “bandido” não convence. Ele lembrou o exemplo do mafioso Tomaso Buscetta, cujas declarações ajudaram a Justiça italiana a desvendar a atuação de integrantes da máfia.

“É claro que não cabe ao arcebispo de Brasília tomar conhecimento sobre atividades criminosas. Quem tem de falar é alguém que realmente participou do esquema, como é o caso do Vedoin”, observou Demóstenes, que deixou sua campanha ao governo de Goiás às pressas para tentar evitar o arquivamento dos processos contra os três senadores. Além de entrar no Supremo, Demóstenes informou ainda que vai recorrer ao plenário do Senado, caso João Alberto insista em engavetar o caso.

Em depoimento à Justiça Federal, durante dez dias, Luiz Antonio Vedoin afirmou que o senador Suassuna teria recebido R$ 222 mil por meio de seu assessor Marcelo Cardoso de Carvalho. Serys teria embolsado R$ 35 mil, em dinheiro vivo, que foram entregues a seu genro Paulo Roberto. Já Magno Malta teria ganho um carro do esquema em troca de apresentação de emendas ao orçamento para compra superfaturada de ambulâncias por prefeituras. Magno não apresentou emendas, mas admitiu ter usado por mais de um ano um carro do deputado Lino Rossi (PP-MT), que foi dado por Vedoin.

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Parmenas Alt
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