Treze corpos foram extraídos das ruínas de oito edifícios de 10 andares em Rueis, no subúrbio sul de Beirute, informou à AFP um responsável pelas equipes de salvamento. Em Ainata, no setor central do Líbano sul, oito corpos foram retirados de um amontoado de destroços nesta terça-feira, mas este número deve aumentar porque os trabalhos não finalizaram.
Na cidade de Tiro, no sul do Líbano, um corpo foi retirado do que restou de quatro prédios e, outro, das ruínas de um centro comercial, informou a polícia. O corpo de uma adolescente de 16 anos foi encontrado nos escombros de uma casa, segundo a Defesa Civil, e os serviços de resgate tentavam retirar outros quatro corpos.
Na aldeia de Kafra, um casal foi retirado de uma casa destruída. Em Srifa, região de Tiro, sete corpos foram resgatados e outros cinco no sul do Líbano, segundo a polícia e fontes políticas.
Saldo de mortos
A ofensiva israelense, iniciada em 12 de julho, depois que dois soldados foram seqüestrados pelo Hezbollah na fronteira israelense-libanesa, deixou 1.200 mortos e 3.700 feridos no Líbano, mais de 900.000 deslocados – 25% da população – e provocou danos calculados em seis bilhões de dólares.
Em Israel, entre 300.000 e 500.000 pessoas foram retiradas do norte do país. Além disso, 41 civis e 117 soldados morreram no período da ofensiva.
Volta para casa
No Líbano, milhares de famílias começaram a retornar para casa. Nos arredores de Saida, entrada do sul do Líbano, gigantescos engarrafamentos foram registrados. Em Tiro, 40 quilômetros ao sul, devastada e isolada do resto do país há uma semana, os deslocados deixaram os refúgios, sujos e esgotados.
Além disso, caravanas de veículos voltavam para o país a partir da Síria. Em Israel, os habitantes da zona fronteiriça receberam a recomendação de permanecer nos abrigos por medo de novos ataques com foguetes por parte do Hezbollah.
Blindados
As forças israelenses começaram nesta terça-feira a retirar do sul do Líbano cerca de 50 blindados danificados durante combates com o Hezbollah, etapa prévia ao deslocamento do exército libanês para a região, indicou em Beirute uma fonte militar de alto escalão.
A data desse envio de tropas libanesas, tecnicamente viável a partir de quinta-feira, continua em suspenso devido a uma reunião do governo libanês para examinar esta questão. Enquanto isso, as tropas israelenses se retiraram hoje de duas aldeias no sul do Líbano, próximas à fronteira, no segundo dia do cessar-fogo previsto na resolução 1.701 do Conselho de Segurança da ONU, informou hoje a televisão “Al-Jazeera”.
Os comboios das tropas israelenses se dirigiam esta madrugada rumo ao lado israelense da fronteira, após abandonar as aldeias de Qelia e Bourj el-Moulouk, no setor leste. As duas aldeias foram palco de violentos combates entre as forças israelenses e a milícia xiita libanesa Hezbollah durante os 33 dias da guerra não declarada entre as duas partes.
Nesta manhã, o Exército israelense distribuiu panfletos sobre a cidade portuária de Tiro nas quais pede aos libaneses que não voltem a seus povoados do sul do país “antes da mobilização do exército libanês”. “A situação continuará perigosa no sul do Líbano enquanto o exército libanês e a força da ONU não estiverem posicionadas em toda a região”, adverte o texto do comando das forças de defesa israelenses.
Processo de estabilização
Para discutir a situação atual das tropas israelenses no Líbano, a ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Livni, anunciou que se reunirá na quarta-feira com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em Nova York.
Depois de 34 dias de uma guerra devastadora, os combates terminaram na segunda-feira, em virtude de um acordo negociado pela ONU com Israel e o Líbano depois da aprovação da resolução 1.701 do Conselho de Segurança sobre o cessar-fogo. A resolução 1701 prevê em particular o desarmamento da milícia xiita e a mobilização do Exército libanês na fronteira, paralelamente à retirada de Israel.
O ministro libanês da Defesa, Elias Murr, destacou que o papel do Exército libanês não é desarmar o Hezbollah. No entanto, garantiu que, após a mobilização das Forças Armadas libanesas no sul do país, não existirão outras armas, nem presença armada no terreno que não seja a do Exército ou a da Força Interina das Nações Unidas (Finul), que passará de 2.000 a 15.000 homens com um mandato reforçado.
Discurso de vitória
Os líderes de Israel e do Hezbollah declararam-se os vitoriosos no conflito. Contudo, enquanto o líder do Hezbollah, Xeque Hassan Nasrallah, parecia ter ganho apoio em sua terra natal, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, enfrentava as críticas de seus opositores em casa.
Durante um discurso ao parlamento israelense na segunda-feira, Olmert afirmou que a ofensiva mudou o equilíbrio estratégico na região, acabando com o “Estado dentro do Estado” controlado pelo Hezbollah no sul do Líbano. Ainda segundo ele, a maior parte do arsenal do grupo foi destruído. Olmert também prometeu não deixar os líderes do Hezbollah em paz. “Continuaremos a persegui-los em qualquer lugar e hora, e não pretendemos pedir desculpas ou permissão”, disse.
Mas, logo após terminar suas declarações, o primeiro-ministro israelense enfrentou críticas de seus opositores, que insistiram que o objetivo da ofensiva israelense – a destruição do Hezbollah – não foi atingido. As críticas podem levar a um enfraquecimento do governo de Olmert.